20/07/09

Ellen Mary McGee "The Crescent Sun"


Referenciada pelo Atalho desde os tempos em que integrava o projecto folk-rock psicadélico Saint Joan, Ellen Mary McGee chegou finalmente ao disco de estreia a solo com “The Crescent Sun”. Para trás, por agora, parecem ter ficado as serigrafias folk de câmara que, graciosamente ,“The wrecker’s lantern”, o último registo do colectivo expunha.

As canções de Ellen Mary permanecem sólidas e fiáveis. Envolvem magníficos textos poéticos, debruçados sobre mitologia, filosofia, metafísica, ou meros episódios da história pessoal. Todavia os arranjos são agora mais espartanos e os instrumentos são utilizados de forma menos efusiva ( banjo, mandolim, guitarra acústica, violino, órgão e piano parcimoniosos ).

E no entanto o resultado permanece mágico, encaminhando o ouvinte para uma atmosfera intensa que a voz igualmente intensa de Ellen Mary baliza, protege de realidades exteriores, adversas ou estranhas aos temas.



“A watch of nightingales” é simultaneamente a introdução ao disco e às nuances de uma voz fora do comum, “Teeth of the hydra” é o folk em versão metronómica, “He is no earthly man” são os Appalaches captados pela objectiva de McGee, “Upon death and dying” é um dos poucos exercícios de psicanálise que o folk conheceu, enquanto “Lord Franklin” está elegantíssimo com os seus trajes tradicionais.

Tão próxima de Nancy Wallace como de Alela Diane, equidistante em relação a Kelly Ali ou Sharron Kraus, Ellen Mary McGee já ganhou o seu espaço no folk moderno. “The Crescent Sun” é para além dos seus méritos próprios, um auspicioso ponto de partida.