Como julgo ser do domínio público, não há “um” mas vários Neil Young.
O meu, localiza-se algures na primeira metade da década de 70 e gravita entre “Neil Young” ( 1968) e “Zuma” ( 1975 ), sendo que a chamada trilogia “doom” ( “Time fades away”, “On the beach”, “Tonight’s the night” ), seria sempre a escolhida se algum dia tivesse mesmo de optar.
Quando “When the sun is white”, o tema de abertura do novo disco dos Mountain Movers, começou a rodar percebi que estava em casa. São óbvias as semelhanças com “Walk on” – o proeminente rollin’ rock que abre “On the beach” e que Young parece ter deixado cair no tempo -, porventura ainda mais evidenciadas pelo compasso soluçante da bateria e pelas notas negligentes do piano Wurtlizer.
Ao longo dos anos Neil Young serviu como inspirador de inúmeros projectos ( My Morning Jacket e as várias facetas eléctricas de Jason Molina são dois exemplos recentes ). A novidade, agora, reside no facto de os Mountain Movers não se terem ficado pela simples influência. O sexteto de New Haven no Connecticut usou o ADN de Young, misturou-o com discursos melódicos ( Nikki Sudden, Jacobites e Epic Soundtracks ) e vincadas arestas rock’n’roll ( Dream Syndicate ) para criar um consistente conjunto de canções de pop rock psicadélico.
A espaços estas condescendem com a fase mais sombria de Neil Young ( “When I die”, “Real evil” ). Em momentos diferentes caminham em direcção à luz e à esperança.
“Let’s open up the chest” não representa uma nova invenção da roda. É no entanto um agradável local para se estar, como já não há muitos nos dias que correm.
Nota: Dan Greene, para além de compor e tocar guitarra, é também o autor das capas e posters da banda
