26/09/08

Jardins do Paraíso VII ( Gordon Smith )


A música moderna do Reino Unido encontra-se repleta de exemplos que provam como o blues e o country-blues americanos representaram a principal influência dos seus jovens músicos, particularmente no período compreendido entre 1962 e 1970. Os casos de sucesso são conhecidos, embora uns mais do que outros. Sabe-se como começaram e sabe-se como acabaram. Ao contrário, nos inúmeros casos em que o sucesso não se compaginou com a história, existe uma vaga ideia de como as coisas começaram mas pouco mais.

Facilmente enquadrável no grupo daqueles para quem o sucesso foi avesso, Gordon Smith permanece há décadas como um dos segredos mais bem guardados da música inglesa.

Tinha exactamente 20 anos e 15 dias quando o seu primeiro álbum, “Long overdue” foi publicado pela Blue Horizon, em 28 de Março de 1969. Influenciado pelo country-blues, o guitarrista criou um disco que percorre temas de Sleepy John Estes, Blind Lemon Jefferson, Robert Johnson e J.B. Lenoir, ao mesmo tempo que propõe um conjunto de originais escritos numa linguagem próxima da utilizada pelos mestres.

A guitarra, acústica ou “slide” ( nesta última a técnica bootleneck de Smith atinge picos de verdadeira excelência ), a harmónica e a voz, que o homem utiliza como se não existisse amanhã, são os instrumentos privilegiados em “Long overdue”. Um registo subtil e tremendamente inspirado que vendeu mais de 6.000 exemplares embora nunca tenha sido reeditado; algo difícil de entender sobretudo num tempo em que o blues era tão popular como o psicadelismo.


A totalidade de “Long overdue” foi finalmente reeditada e integra o conjunto que é “Gordon Smith, The complete Blue Horizon sessions”. Aqui encontram-se os 14 títulos originais do álbum ( consta que as respectivas gravações demoraram apenas 5 horas a completar, facto que surpreendeu os Fleetwood Mac, banda de suporte em 3 temas ) mais uma dúzia de títulos e/ou “takes” inéditos, bem como os dois lados do single “Too Long/Funk pedal” que o guitarrista gravou ainda em 1969 para a Blue Horizon.

Profusamente ilustrada e devidamente contextualizada pelo produtor Mike Vernon, esta reedição constitui a oportunidade para tomar contacto com a música de um artista invulgarmente talentoso mas que permaneceu demasiado tempo fora dos radares que detectam e orientam o sucesso.