Ao colectivo MONO tem sido insistentemente colada a etiqueta ”post-rock”. Talvez por que o quarteto japonês preenche os mínimos para integrar a fórmula ( sons em crescendo apocalíptico, versus momentos de silêncio ou desconcertante acalmia ).
Julgo que no caso a definição é redutora. Para além da previsibilidade, característica principal do grosso dos praticantes do género, a banda de Tokyo elabora uma música tão natural como o simples acto de respirar. Onde a surpresa é um elemento sempre presente, seja através da beleza onírica das melodias, da sustentação até ao limite do suportável das explosões sonoras, ou na sublime gestão dos silêncios.
O DVD “The sky remains the same as ever” publicado este ano, recolhe e compagina imagens de gravações de estúdio ( o produtor Steve Albini, explica na perfeição a dinâmica sonora do grupo ) e com maior detalhe incide sobre a tournée mundial de 2007, percorrendo os locais e respectivos públicos.
Não se trata apenas de um filme de concertos, mais uma derivação de um “road movie” onde o espectador é convidado a seguir os MONO num conjunto fragmentado de actuações, por vezes justapostas, onde o público assume o papel do actor principal. A música serve como banda sonora que alimenta e justifica o sentimento e pose litúrgicas que, como por hipnose, tomam conta das plateias.
Um fenómeno notável, tocante, nada comum em concertos de rock tradicionais. Mais um argumento a juntar à patente originalidade do quarteto e à perenidade de uma música a que alguns já ousaram chamar de clássica.