03/11/25

Trimdon Grange Explosion "Dreams Buried Under The Sea"

 


Oito anos após um primeiro álbum homónimo e vinte após o fabuloso trabalho da banda progenitora – The Eighteenth Day Of May – os Trimdon Grange Explosion regressam com “Dreams Buried Under The Sea”.

Trata-se de uma espécie de espelho sonoro que nos conduz a imagens de um pretérito quase perfeito onde o eixo The Byrds / Big Star / R.E.M. removia os destroços do pós-punk e do synth-pop.

Porque “Dreams Buried Under The Sea” é mesmo isso, uma montra sonora que tendo algo de nostálgico, não se esgota naquela matriz.

Atente-se em “World turning round”, a abrir. No evoluir do tema é difícil não rever mentalmente “Murmur”, imediatamente antes da canção explodir num mar de guitarras fuzz.

O jingle-jangle de “September Falls” evoca The Byrds enquanto “Swim on your back in the water” traz à memória os Wolf People de Jack Sharp e P.G. Six de Pat Gubler, outros dois expatriados do eixo acima citado.


“Breaking the wheel”, um mini épico irresistível, é talvez o título âncora do álbum. Byrdsiano na essência surpreende quando é introduzida a viola de Alison Cotton; o efeito é hipnótico, como se a viola de arco de John Cale regressasse das catacumbas do Velvet Underground para nos encantar uma vez mais.

A fechar “As the world rises to fall”, competente e obviamente cúmplice do Neil Young de “Harvest”.

Dreams Buried Under The Sea” está para além deste tempo. Ostenta um charme muito próprio e, talvez por isso, não é expectável que venha a frequentar as famigeradas listas dos melhores do ano.

Nada que surpreenda e muito menos incomode o Atalho. Como já alguém afirmou: "a história está pejada de exemplos de maiorias que não tiveram razão".