Publicado no México em 1969, embora gravado em Janeiro do ano
anterior na República Dominicana por um colectivo de músicos porto-riquenhos, “Kaleidoscope”
permanece um disco raríssimo e porventura uma das maiores obscuridades do
período em apreço.
Na altura em que o álbum foi concebido, o psicadelismo, designadamente o americano, encontrava-se no seu zénite. Daí não ser estranho que “Kaleidoscope” seja sobretudo influenciado pelas sonoridades americanas e quase nada por aquelas que atravessavam o Atlântico.
O fuzz, os riffs e um omnipresente órgão planante não deixam
espaço para a mais pequena dúvida. The Doors, 13th Floor Elevators ou Iron
Butterfly, corporizam algumas das sonoridades que assomam à memória quando se escutam temas
como “Hang out”, “Hole in my life”, “Colours” ou “I’m here, he’s gone, she’s
cryin”. As guitarras em modo fuzz e/ou riff, vão colorindo as telas que o órgão
( muito “The End” / “When the music’s
over” ) cria de forma obsessiva e hipnotizante.
E depois há “Once upon a time there was a world”; uma suite
que resume toda a essência da linguagem psicadélica da época. Tão líricos
quanto dramáticos, os 8m 10s que a
compõem definem na perfeição o legado único do colectivo Kaleidoscope.
Se existem reedições oportunas e necessárias, esta é
seguramente uma delas.