14/10/24

Jardins do Paraíso ( 86 )

 


Publicado no México em 1969, embora gravado em Janeiro do ano anterior na República Dominicana por um colectivo de músicos porto-riquenhos, “Kaleidoscope” permanece um disco raríssimo e porventura uma das maiores obscuridades do período em apreço.

Na altura em que o álbum foi concebido, o psicadelismo, designadamente o americano, encontrava-se no seu zénite. Daí não ser estranho que “Kaleidoscope” seja sobretudo influenciado pelas sonoridades americanas e quase nada por aquelas que atravessavam o Atlântico.

O fuzz, os riffs e um omnipresente órgão planante não deixam espaço para a mais pequena dúvida. The Doors, 13th Floor Elevators ou Iron Butterfly, corporizam algumas das sonoridades que assomam à memória quando se escutam temas como “Hang out”, “Hole in my life”, “Colours” ou “I’m here, he’s gone, she’s cryin”. As guitarras em modo fuzz e/ou riff, vão colorindo as telas que o órgão ( muito “The End” /  “When the music’s over” ) cria de forma obsessiva e hipnotizante.

E depois há “Once upon a time there was a world”; uma suite que resume toda a essência da linguagem psicadélica da época. Tão líricos quanto dramáticos, os 8m 10s  que a compõem definem na perfeição o legado único do colectivo Kaleidoscope.

Se existem reedições oportunas e necessárias, esta é seguramente uma delas.