06/04/22

Jardins do Paraíso ( LXXIV )

 


Em 1967, ainda antes de sucessivamente integrar os Please, Bulldog Breed, T2, Peter Dunton esteve na origem dos Neon Pearl, um trio, por vezes quarteto, que durante largos meses daquele ano logrou obter respeitável reputação nos palcos da Alemanha.

De regresso ao Reino Unido no final do ano, Peter Dunton, Bernard Jinks e Nick Spencer entraram em estúdio para gravar os originais do primeiro, os quais entretanto haviam tomado forma quase definitiva nas actuações germânicas.

Mas, como muitas vezes, demasiadas vezes, sucedeu na época as fitas não convenceram as editoras estabelecidas. A opção “independente” ainda não existia ( à data, a Island Records por exemplo, ainda usava babygrow ), pelo que as gravações foram relegadas para um limbo onde permaneceram até ao inicio deste século.  

A mais recente reedição ( a razão deste post ) data de há um par de meses e teve a infeliz coincidência de quase coincidir com o desaparecimento de Peter Dunton.

Envoltas numa magnifica capa vintage completada por folheto explicativo, as canções que compõem “1967 Recordings” constituem um harmonioso conjunto sonoro que impressiona pela intensidade dos temas e densidade dos arranjos.

Todas assinadas e vocalizadas por Dunton (uma voz tão próxima e quase tão melancólica quanto a de Robert Wyatt ), representam uma particular faceta daquele  “exquisite” psicadelismo britânico que por exemplo os Soft Machine desenhariam no ano posterior em “Volume One”.

Não sendo propriamente uma novidade editorial a presente reedição de “1967 Recordings” disponibiliza de novo um fabuloso conjunto de temas ( o Atalho aprecia especialmente “Out Of Sight”, “Just Another Day” ou “What to See” ), a melhor e mais oportuna homenagem à precoce partida do seu criador.