09/12/21

Indian Puddin's & Pipe "S/t"

 


Por vezes lá vai sucedendo. Descobre-se numa estante um disco que não se pensava ter ou, pior, não ter sido escutado. É a linha do tempo a funcionar…

No caso em apreço, os Indian Puddin’s & Pipe, banda nascida em Seattle em meados de 1965 e na altura baptizada de West Coast Natural Gas. Foi de resto com esse nome que, dois anos volvidos, já em São Francisco e pela mão do polémico produtor Matthew Katz (são lendárias as suas litigâncias com os Jefferson Airplane e Moby Grape, com primeiros duraram 20 anos, 39 com os segundos) gravam um primeiro single para a San Francisco Records. Logo após vêm quatro dos seus melhores temas incluídos em “Fifth Pipe Dream – Volume I”, uma compilação produzida por Katz e que integrava também temas dos It’s A Beautiful Day, Tripsichord Music Box e Black Swan.

À época o psicadelismo na Bay Area / São Francisco albergava bandas para dar e vender. Algumas vingaram outras, talvez a maioria, não. Os clássicos são tão sobejamente conhecidos que dispensam referência, Mad River, Sons of Champlin ou Zephyr obtiveram razoável sucesso em círculos restritos, mas Ace of Cups, All Men Joy, Birth, Mystery Trend ou os West Coast Natural Gas passaram ao lado dos radares.


As gravações constantes em “Indian Puddin’s & Pipe” datam de 1969, estruturalmente os West Coast Natural Gas já não existiam, donde que Indian Puddin’s & Pipe é um nome tão bom como qualquer outro no contexto da época (“… a name that they had inadvertently adopted, but one that sounded more in line with what they were setting out to achieve musically …” ).


O epicentro do psicadelismo californiano já se havia deslocado para outras paragens e do ponto de vista musical, dois anos fizeram uma diferença gigantesca. Saxes, trompetes e trombones como que antecipam os Chicagos ou Blood Sweat & Tears, mas quando a nova formação dos Indian Puddin’s & Pipe inventa uma canção como “Planetary Road” adornada pela magnifica voz de Lydia Moreno ou recria velhos temas como “Two’s a pair”, “Hashish” ou “Water or Wine”, a banda soa tão boa quanto a maioria dos projectos quintessenciais na Bay Area dos 60s.

A rever, com a necessária moderação e espírito crítico.