“Halfway through the session I called my friend Brent Titcomb and asked him to lend me his guitar because I had broken a couple of strings on my guitar and couldn’t afford new strings! I was penniless and hungry at the time of the Bunkhouse recording.” ( David Wiffen )
Na origem o álbum “At The Bunkhouse” foi pensado no formato “sampler”
e a David Wiffen estavam destinadas apenas duas canções. Porém na noite das
gravações, desencadeou-se forte tempestade na cidade de Vancouver e os
restantes artistas não compareceram no estúdio da West Broadway. Wiffen, numa
curta sessão de três horas, gravou um álbum inteiro. Do dito foram prensadas em
1965 apenas 100 cópias com o selo da International Records New York, facto que
faz dele uma das maiores e mais dispendiosas raridades da época.
A recente, legítima e cuidada reedição em vinil permite
finalmente apreciar a “infância artística” do autor. É verdade que os dois
álbuns a solo posteriores – “David Wiffen” ( 1971 ) e “Coast to Coast Fever” (
1973 ) – possuem os seus momentos, desde logo a sua criação mais conhecida “Driving
Wheel”, sendo por essa razão altamente recomendados, mas “At The Bunkhouse
Coffeehouse” é, com a sua vertente low-fi e algo naif, um retrato quase perfeito
do jovem Wiffen ( “the songs on the album formed part of my working
repertoire at the time” ).
Pelo meio “Don’t Think Twice, It’s All Right”, numa interpretação que em partes iguais remete para Phil Ochs e Gordon Lightfoot muito mais que para Dylan. Os detalhes vocais são, como facilmente se infere, factor determinante para a ousada similitude.
O lado B é composto por tradicionais, um blues ( “You don’t
know my mind” ) uma cortesia de Leadbelly. Termina com o esplendoroso “Four in
the morning”, um lugar onde em tons pungentes, a guitarra e sobretudo a voz,
sublinham uma canção de excepção.
“At The Bunkhouse Coffehouse” é um disco de um outro tempo. Não colherá a aprovação de todos e haverá quem o apelide de datado. Mas a candura e a ainda que forçada economia de meios, ajudam a potenciar o talento então emergente de David Wiffen, um expatriado que aos 16 anos trocou Surrey na Inglaterra natal pelo Canadá.