“During those first few formative weeks and months we
laboured to find whatever it might be that we all had to offer each other, and
whatever it was we could assembler out of the disparate parts. We knew the end
product lay somewhere between the smoky folk clubs of the 1960s, the browning
pages of a crumpled copy of A. L. Lloyd’s Penguin Book Of English Folk Songs,
and the thick cardboard jackets of the import vinyl we’d find at the unique
Simon Stable’s record store on Portobello Road. We had to beat a trail through
the middle, the dark heart of Albion on one side, mystic and brooding, and the
new west coast electric psychedelia on the other, candy coloured and loud.” (
David Costa )
Há uns anos, numa entrevista e em sentido lato, Denzel
Washington expressou o seguinte estado de espírito ( cito de memória ): “Ao envelhecermos
tornamo-nos conservadores, na exacta medida em que temos mais coisas para
conservar.” No caso do Atalho, não
havendo grandes bens materiais a preservar, guardam-se as memórias, as emoções
e sobretudo o extremo bom gosto.
Aqui chegados, antecipo a curiosidade do leitor. Por que razão
o Atalho tem consistentemente vindo a prestar mais atenção à música dita “antiga”
em notório prejuízo de sons e autores contemporâneos?
Entre as várias respostas possíveis ( todas questionáveis
naturalmente ), a música incluída na compilação dos The Trees lançada no ano
passado poderia ( pode ) perfeitamente constituir uma das respostas àquela
inquirição. Quem, detentor de um mínimo de critério e apreciável bom gosto será
capaz de trocar aquelas músicas por algo do que se (re)inventa hoje? E dito isto, sublinho: a velha
e polémica questão geracional assume aqui um papel absolutamente irrelevante,
pelo menos no que ao Atalho diz respeito.
“Trees”, a compilação, é a tradução material da citação do criador
e principal impulsionador do grupo que encima este texto. Os dois únicos álbuns
da banda de Londres: “The Garden of Jane Delawney” ( Abril 1970 ) e “On The
Shore” ( Janeiro 1971 ) resultam da paixão pela música folk britânica mesclada
com a cromaticidade sonora da west coast ( confiram a título de exemplo os
primeiros discos a solo de Paul Kantner e toda a constelação de estrelas itinerantes
que por ali foram passando ).
“Garden…” é um álbum extraordinário, mas “On the Shore” é
superlativo. O pico da criatividade de uma banda que, nascida do acaso, teve a fortuna
de a dado momento alinhar com as
estrelas. Num mundo mais justo, Celia Humphris poderia ter competido com Maddy
Prior ou June Tabor. Confiram a este propósito “Sally Free and Easy”, a
extraordinária versão do tema de Cyril Tawney. Quanto a “On The Shore” compara
muito bem com “Unhalfbricking”, “Liege & Lief”, “Hark The Village Wait” ou “Fotheringay”.
A apresentação da box é cuidada e suficientemente elegante
para alinhar com a qualidade e sofisticação da música que inclui. Um deleite.