06/05/21

Anaconda "Sympathy for the madman"

 


Em meados de 1969, quando percebeu que o psicadelismo dos Arcadium havia chegado demasiado tarde, Miguel Sergides formou os Anaconda, tendo por essa via decidido   explorar o lado mais obscuro e esotérico do emergente folk-rock progressivo.

A história não registou os nomes dos seus companheiros de projecto ( dois homens e duas mulheres ) e, até há bem pouco tempo, julgava-se  que também não tinha guardado a única evidência da presença do grupo em estúdio; um acetato, exemplar único crê-se, que perpetuou os cinco temas escritos por Sergides e interpretados pela banda.

A localização em  2019, de um ( ou “do” ) exemplar do acetato em causa, permitiu a (re)edição dos temas à data gravados pelo quinteto.

Escutado agora, sabendo o que sabemos hoje, “Sympathy for the madman” é uma enorme revelação. Sergides como que premuniu o paradigma Comus. A colocação das vozes ( em coro ), a utilização das flautas e dos violinos, a conotação melancólica e esotérica das letras, não nos permitem grandes dúvidas.



Simultaneamente, não esquecendo que estamos em 1969, Anaconda escolheu explorar as mesmas rotas sonoras então percorrias por Forest, Tea & Symphony, Synanthesia, Simon Finn, Jan Dukes de Grey ou Mr. Fox, todos eles, sublinhe-se, com gravações cronologicamente anteriores a “First Utterance”, ainda que seja hoje corrente atribuir a Comus a paternidade do género.

Ainda que por motivos que se compreendem, o áudio não seja propriamente excelso, o agora (re)editado “Sympathy for the madman” constitui uma peça obrigatória para todos os que se interessam pelo folk de inspiração pagã que caracteriza esse universo amplo e diversificado que dá pelo nome de Dark Britannica.

Ps: consta que o proprietário do acetato terá recusado uma oferta de compra no valor de 7.000 libras. O montante da apólice de seguro não foi entretanto revelado.