Em meados de 1969, quando percebeu que o psicadelismo dos
Arcadium havia chegado demasiado tarde, Miguel Sergides formou os Anaconda, tendo
por essa via decidido explorar o lado mais obscuro e esotérico do emergente
folk-rock progressivo.
A história não registou os nomes dos seus companheiros de
projecto ( dois homens e duas mulheres ) e, até há bem pouco tempo,
julgava-se que também não tinha guardado
a única evidência da presença do grupo em estúdio; um acetato, exemplar único
crê-se, que perpetuou os cinco temas escritos por Sergides e interpretados pela
banda.
A localização em 2019,
de um ( ou “do” ) exemplar do acetato em causa, permitiu a (re)edição dos temas
à data gravados pelo quinteto.
Escutado agora, sabendo o que sabemos hoje, “Sympathy for the
madman” é uma enorme revelação. Sergides como que premuniu o paradigma Comus. A
colocação das vozes ( em coro ), a utilização das flautas e dos violinos, a
conotação melancólica e esotérica das letras, não nos permitem grandes dúvidas.
Ainda que por motivos que se compreendem, o áudio não seja
propriamente excelso, o agora (re)editado “Sympathy for the madman” constitui uma
peça obrigatória para todos os que se interessam pelo folk de inspiração pagã
que caracteriza esse universo amplo e diversificado que dá pelo nome de Dark Britannica.
Ps: consta que o proprietário do acetato terá recusado uma oferta de compra
no valor de 7.000 libras. O montante da apólice de seguro não foi entretanto revelado.