30/04/21

Arcadium "Breathe Awhile"

 


Publicado a 24 de Outubro de 1969, “Breathe Awhile” é hoje um dos artefactos mais raros ( e dispnediosos ) do período em que o rock dito progressivo dava os primeiros passos no Reino Unido.

Consta que o álbum terá vendido cerca de 12.000 cópias, a maior parte delas na Escócia, dado que não deixa de ser estranho uma vez que a banda era constituída por quatro londrinos, um dos quais – Miguel Sergides – com origens cipriotas.

O facto da editora, a Middle Earth, fundada por empresários ligados ao célebre clube londrino do mesmo nome, ter tido existência efémera e prestações a roçar o amador ( é conhecida a péssima qualidade das prensagens que publicou ), albergar no seu seio os Writing On The Wall, uma frenética banda de heavy prog oriunda de Edimburgo, talvez possa constituir explicação.


( réplica do poster promocional )

Ainda que partilhando o palco do Middle Earth com The Who, Pink Floyd, Fairport Convention, Nice ou Captain Beefheart entre outros, o som dos Arcadium era algo distinto, sendo que o ponto de contacto mais óbvio, o órgão de Alan Ellwood,  remetia para as prestações de Keith Emerson nos Nice. Quanto ao resto, a magnífica guitarra de Sergides em “I’m on my way” ou “Poor Lady”, poucos pontos de contacto tinha com a(s) matriz(es) praticada(s) por Pete Townshend, Richard Thompson ou Syd Barrett.

Breathe Awhile”, ainda que naturalmente datado, escuta-se hoje como outrora; com agrado. E ante a hercúlea tarefa de encontrar um original, a recente reedição da Sunbeam constitui um verdadeiro luxo.

A edição é apresentada com capa dupla e dois LPs: o álbum original e um segundo reproduzindo o lendário acetato com a mistura inicial rejeitada pela editora ( aqui convirá referir que o produtor foi Austin John Marshall, um homem do folk, à época casado com Shirley Collins ). Completando a reedição: um apelativo booklet onde se conta a história da banda, a reprodução de um poster promocional e, por fim, a também reprodução do single “Sing My Song / Riding Alone” ( temas não constantes do álbum ) e que, curiosamente, foi publicado em Portugal.


( Single "Sing my song", réplica à esquerda, edição portuguesa à direita )

Tudo somado, cortesia da história, duas horas do mais puro e genuíno entretenimento.