Publicado a 24 de Outubro de 1969, “Breathe Awhile” é hoje um
dos artefactos mais raros ( e dispnediosos ) do período em que o rock dito
progressivo dava os primeiros passos no Reino Unido.
Consta que o álbum terá vendido cerca de 12.000 cópias, a
maior parte delas na Escócia, dado que não deixa de ser estranho uma vez que a
banda era constituída por quatro londrinos, um dos quais – Miguel Sergides – com
origens cipriotas.
O facto da editora, a Middle Earth, fundada por empresários
ligados ao célebre clube londrino do mesmo nome, ter tido existência efémera e
prestações a roçar o amador ( é conhecida a péssima qualidade das prensagens
que publicou ), albergar no seu seio os Writing On The Wall, uma frenética
banda de heavy prog oriunda de Edimburgo, talvez possa constituir explicação.
Ainda que partilhando o palco do Middle Earth com The Who,
Pink Floyd, Fairport Convention, Nice ou Captain Beefheart entre outros, o som
dos Arcadium era algo distinto, sendo que o ponto de contacto mais óbvio, o órgão
de Alan Ellwood, remetia para as
prestações de Keith Emerson nos Nice. Quanto ao resto, a magnífica guitarra de
Sergides em “I’m on my way” ou “Poor Lady”, poucos pontos de contacto tinha com
a(s) matriz(es) praticada(s) por Pete Townshend, Richard Thompson ou Syd
Barrett.
“Breathe Awhile”, ainda que naturalmente datado, escuta-se
hoje como outrora; com agrado. E ante a hercúlea tarefa de encontrar um
original, a recente reedição da Sunbeam constitui um verdadeiro luxo.
A edição é apresentada com capa dupla e dois LPs: o álbum
original e um segundo reproduzindo o lendário acetato com a mistura inicial
rejeitada pela editora ( aqui convirá referir que o produtor foi Austin John
Marshall, um homem do folk, à época casado com Shirley Collins ). Completando a
reedição: um apelativo booklet onde se conta a história da banda, a reprodução
de um poster promocional e, por fim, a também reprodução do single “Sing My
Song / Riding Alone” ( temas não constantes do álbum ) e que, curiosamente, foi
publicado em Portugal.
Tudo somado, cortesia da história, duas horas do mais puro e
genuíno entretenimento.