Mais de meio século volvido, àquela característica deverá
acrescentar-se uma tremenda raridade, para além de valores de mercado
verdadeiramente obscenos, inerentes à escassez da oferta é certo, mas desajustados
se se considerar apenas a vertente artística da compilação.
À data, Pat Egan, um jornalista musical irlandês, pretendeu
dar a conhecer um conjunto de bandas emergentes nas duas Irlandas. Para a
história terá ficado a intenção, o voluntarismo do promotor e o défice de talento
patenteado pela maioria dos grupos chamados a colaborar.
Coabitam em “Paddy is dead …” versões mais ou menos anémicas
dos Beatles, Phil Spector / Ike & Tina Turner, Gershwin, Carl Perkins,
Status Quo, Grapefruit ou Blood Sweat & Tears, todas candidatas ao
esquecimento uma vez terminada a respectiva audição.
A pérola, curiosamente um original, é responsabilidade dos
Taxi, um quinteto originário de Ballymena na Irlanda do Norte. O seu “Counting
Time My Way” poderia perfeitamente ter integrado “This was”, “Stand Up” ou “Benefit”
dos Tull e, muito provavelmente, ninguém o acharia desajustado.
Captada num cemitério, a foto da capa da compilação, juntando
uma cruz de inspiração celta e um sorridente projecto de skinhead, também não deve
ter ajudado em nada o departamento de vendas.