16/03/21

Jardins do Paraíso ( LXVI )

 


Quem não tem cão caça com gato.

O álbum homónimo dos Moths gravado em 1970 e fabricado na Deroy Sound Service, numa prensagem sem capa e limitada a cerca de duas dúzias de exemplares, entretanto distribuídos por amigos e familiares dos membros da banda, constitui-se desde então numa das mais raras edições privadas da folk inglesa.

A presente reedição em vinil obteve o acordo / colaboração dos elementos do grupo e permite ao comum dos mortais descobrir e disfrutar de um interessante artefacto de época.

A banda ( John Ellis, John Dunn, Mike Jones, Neil Cawley e John Beazer ), um quinteto de estudantes da Universidade de Hull não tinha à data nem teve posteriormente qualquer experiência de gravação e ou actuação de palco. Formou-se na primavera de 1970 e um par de meses volvidos, no palco do anfiteatro da faculdade, gravou as demos que viriam a dar origem ao álbum.



( prensagem original )

A sonoridade que emana de “Moths” está genericamente em linha com o paradigma folk do seu tempo, ainda que a evidente expertise  e sofisticação dos seus criadores a afaste do ambiente pub, aproximando-a da subtileza e elegância de nomes como Tir Na Nog, Oberon ou Fresh Maggots.

Daí que as guitarras de John Ellis e Mike Jones optem por um registo acústico difícil de compaginar com o eléctrico. Em contrapartida, talvez influenciadas pelo trabalho de Bert Jansch e John Renbourn nos Pentangle, dialogam na perfeição com a flauta, a percussão e o baixo.


Por fim o bom gosto; nas duas composições originais de John Ellis e, sobretudo, nas versões escolhidas: temas de Dylan, Tim Buckley, Clive Palmer, Jansch e David Ackles. Melhor seria quase impossível.

A qualidade aúdio desta reedição está muito para além do que seria expectável, facto que não deixa de ser assinalável tendo em conta a raridade e mais que provável fragilidade das fontes, fossem elas as fitas originais ou um velho exemplar do LP fabricado na Deroy.