Nascida da colaboração entre o editor Phil McMullen ( Bucketfull
of Brains, Freakbeat, First Hearing, Unhiunged, The BOB … ) e Nick Saloman (
mentor dos Bevis Frond e inventor da editora Woronzow ) a fanzine Ptolemaic
Terrascope permaneceu activa entre Maio
de 1989 e Novembro de 2004 tendo publicado 35 números. ( * )
A linha editorial pautou-se por um bom gosto irrepreensível, o
único critério não negociável. Terá sido
a publicação que o Atalho mais gostou de ler até hoje porque. Para além do
critério atrás referido, nos filtros subsequentes, procurava dar visibilidade a
músicos, projectos ou géneros musicais que os biombos do mainstream sempre
esconderam do grande público.
Descobri aqui o melhor música e as mais incógnitas histórias
de criadores fantásticos, grande parte deles deserdados da fama. Relatos dos
60s, 70s, 80s e 90s. Não importava se se falava do psicadélico, do folk, do
folk-rock, do pub ou do pos rock …, a qualidade da música e o seu enquadramento
sociológico determinavam a linha editorial.
Os músicos naturalmente aderiram, quer através da
participação gratuita nos concertos que a revista organizou ao longo dos anos,
quer cedendo gravações inéditas ou demos.
Do número 1 ao 24, cada edição da revista incluía um EP de
vinil com quatro temas. Do número 25 até ao final, a edição era acompanhada por
um CD. No total, Ptolemaic Terrascope publicou 265 títulos, muitos deles
autênticas pérolas difíceis ou mesmo impossíveis de encontrar em edições
regulares.
Do ponto de vista do design tratou-se também de um projecto
inovador que procurou mesclar a tradição gráfica inglesa com a escola
psicadélica californiana dos 60s. Neste âmbito R. M. Bancroft primeiro e o italiano
Iker Spozio mais tarde, foram dois colaboradores destacados.
Por tudo isto Ptolemaic Terrascope foi um projecto único e
irrepetível, ainda que Phil McMullen não tenha deixado morrer a centelha e o
conceito Terrascope ainda ande por aí para deleite dos indefectíveis e
benefício dos artistas.
(*) para o presente texto não foi considerado o #36 publicado
em 2007 e já sob a direcção de Pat Thomas ( criador da Heyday Records,
jornalista, investigador, músico e membro proeminente do movimento Paisley
Underground ).