( Patrick Lundborg, “The Acid Archives, The Second Edition”,
2010 )
“The Constant Sound”, o Holy Grail do “sunshine psych pop”
norte-americano foi finalmente editado e, com isso, termina a busca e a
especulação.
Concebido em 1968 com o objectivo de servir de banda sonora ao
filme avant-garde “You don’t have time” ( uma apologia boémia ao “flower power”
então prevalente na Califórnia ) dirigido por Herb Kosower, “The Constant
Sound” nasceu amparado no talento visionário de Allyn Ferguson, o produtor executivo
da película.
Ferguson, um verdadeiro homem da renascença ( compositor,
arranjador, orquestrador, maestro, catedrático … ), começou a dar nas vistas na
Segunda Grande Guerra onde foi piloto de caças. Acabou em 2010, celebrado como
um dos artistas mais marcantes da música norte-americana das cinco décadas anteriores.
Durante esse período trabalhou na rádio, televisão, teatro, cinema, concebeu
arranjos e/ou produziu um sem número de artistas das mais variadas latitudes,
conectou a poesia experimental com o jazz nas célebres gravações que o Allyn’s
Chamber Jazz Sextet deixou …
Os instrumentistas esses emergiram da nata de músicos de
sessão de Los Angeles ( Howard Roberts, Bill Pitman, Al Casey, Chuck Berghofer,
Hal Blaine, John Guerin, Pete Jolly, Lincoln Mayorga … ) um conglomerado de
talentos jocosamente baptizado The Wrecking Crew.
O grupo de cantores, um sexteto, aqui apelidado The Constant
Sound Singers, havia trabalhado no show televisivo de Andy Williams (
recordo-me que a seu tempo a RTP emitiu vários episódios desses shows para
Portugal ) onde davam pelo nome de The Andy Williams Singers. Allyn Ferguson, como facilmente se deduz, era
o director musical do show.
Sem ponta de exagero, diria que são pequenos grandes esboços
de filigrana em forma de melodia, luminosos como convém, desenhados numa tela
pensada e criada para celebrar o sol, como se só isso importasse. Um ritual
onírico que não sendo inédito na música e nas artes da época, está contudo
muitos furos acima da média.
Um daqueles discos que se saboreia a cada nova audição.
Nota: “You don’t have time”, o filme, embora tendo estado presente no Edinburgh International Film Festival 1970, nunca chegou ao circuito comercial.
( Reprodução do design projectado para a capa da abortada edição do LP em 1968 )