20/07/20

Neil Young "Homegrown"



No ano em que “After The Gold Rush”, uma das obras primas de Neil Young, completa meio século de existência, o canadiano acordou finalmente conceder-nos o privilégio de aceder a “Homegrown”, o álbum que gravou entre 1974 e 75 e cuja publicação, à época, preteriu em favor de “Tonight’s The Night”.

Depois de escutado, à luz do que se sabe hoje, não se descortina a razão que terá levado Young a impedir a sua edição em tempo.

Pode naturalmente especular-se sobre o factor Carrie Snodgress, a quem “Homegrown” surge agora dedicado. É verdade que “Separate Ways” ou “Try” são canções pessoais, auto biográficas seguramente, mas essa condição nunca foi um motivo inibidor para Young, ainda que como é sabido, em matéria de questões de carácter sentimental, seja por vezes necessário comprar tempo.

Todo o modo, “Homegrown” não é apenas um álbum unipessoal. Instrumentalmente escorado em alguns dos suspeitos do costume ( Ben Keith, Tim Drummond, Karl T. Himmel, Emmylou Harris, Levon Helm, Robbie Robertson ), trata-se de um disco diverso que mescla os característicos temas “rough” ( “Vacancy”, “We don’t smoke it no more” ) com os também característicos temas “redondos” ( “White Line”, “Little Wing” ou “Love is a rose” ).

No total são doze peças, parte das quais já anteriormente conhecidas de outros álbuns : “Love is a rose” ( “Decade”), “Homegrown”,  “Star of Bethlehem”( “American Stars’n’Bars” ) e “Little Wing” ( “Hawks and Doves” ). “Separate ways”, “Vacancy” e “Mexico”, serão das restantes, aquelas que mais facilmente permanecerão na agenda dos incondicionais do canadiano.

Quarenta e cinco anos volvidos, dir-se-à que “Homegrown” talvez não logre atingir os patamares de genialidade  que a lenda alimentada pela recusa da sua publicação foi construindo ao longo do tempo. É porém um bom disco de Neil Young, fruto de ter nascido naquele que é porventura o seu período mais criativo.