33 escassos minutos. Porém momentos de uma beleza extrema que
cativa pelo inesperado. Oito tradicionais, dois originais e uma versão ( “God
Dog” ) de Robin Williamson para a Incredible String Band.
Após ter colocado os Wolf People no mapa do moderno
folk-rock, Jack Sharp reemerge com um álbum de uma simplicidade desarmante,
como que saído de um outro tempo. Antigo, identificado com as memórias que restaram
de Nic Jones ou Michael Blount nos idos de 70, deliberadamente afastado das
urgências inconsequentes e superficiais do presente.
“Good Times Older” enquanto título, diz tudo ou quase. A
guitarra acústica de Sharp, o violoncelo de Edwin Ireland e, ocasionalmente, a
concertina de Laura Smyth, dizem-nos o resto.
A atmosfera é nostálgica. Bela todavia, como quase sempre
sucede com a música que resulta daquele sentimento. A voz de Sharp não se
enquadra no paradigma do folk-rock britânico ( por vezes lembra o Dave Heumann dos
Arbouretum ), mas o critério e o talento com os quais aborda estas canções,
constituem para o ouvinte um desafio que as sucessivas audições ajudam a
normalizar.
“Good Times Older” e “May Morning Dew”, estratégicamente
colocadas a abrir e a fechar, são canções ( versões ) memoráveis. Pelo meio
encontramos os originais “Soldier Song” e “Treecreeper” e a interpretação
cirúrgica de “God Dog” do já referido Williamson e à qual a divina Shirley
Collins já dedicou a sua atenção em tempo próprio.
Não fora a atmosfera predominantemente trad-folk e quase se
podia afirmar que “Good Times Older” constituía um dos melhores álbuns de um “singer
songwriter” britânico desde a época em que os ditos proliferavam.