De “Ode to Riddley Walker” ( o álbum, não o tema ) espera-se
uma coisa mas, surpreendentemente, encontra-se outra.
Um pouco à semelhança do mais recente disco da americana
Sarah Louise ( “Nighttime birds and Morning Stars” ), Diana Collier não
renegando a matriz folk que a inspirou no no passado, opta aqui por
experimentar novas paisagens sonoras.
Sarah Louise abandonou – temporariamente acredita-se – a linguagem
nativa dos Apalaches procurando os caminhos do experimentalismo. Diana Collier conserva
parte do seu adn folk, mas em simultâneo opta por percorrer caminhos mais
intimistas, musicalmente arrojados.
Tudo em “Ode to Riddley Walker” gira em redor de um conceito
minimalista; vocalizações, instrumentação, arranjos … e, nesse sentido, é
também um novo desafio.
O tema título por exemplo, constitui-se uma belíssima peça de
joalharia musical onde a tradição se funde com o experimentalismo ( cortesia do
sintetizador de Dom Cooper ). O resultado surpreende pelo ineditismo,
transformando a canção num lugar ao qual se torna obrigatório regressar amiúde,
única forma de aquilatar da sua verdadeira magnitude.
“Simon Llewellyn” beneficia da concertina e contribuição
vocal de Nancy Wallace; “The Bonny Hind” é uma adaptação acapella de um velho
tradicional; “Margins” uma melodia que ficaria perfeita num qualquer registo
dos Owl Service. “Friends” por seu lado é um refúgio onde impera a
serenidade. A adição da concertina de Nancy Wallace ao piano de Diana, confere
ao tema a patine que habitualmente só tempo atribui. Coincidência ou não, a
canção fica a pairar muito para além dos últimos acordes se desvanecerem.
Não sendo um trabalho fácil ou de massas, “Ode To Riddley
Walker” é um disco onde uma vez mais se prova que menos é mais. A audição
requer atenção e exigência. O retorno é generoso e oferece uma vincada sensação
de tranquilidade, onde a beleza habita paredes meias com um júbilo comedido, embora
marcante.