07/03/20

Diana Collier "Ode to Riddley Walker"



De “Ode to Riddley Walker” ( o álbum, não o tema ) espera-se uma coisa mas, surpreendentemente, encontra-se outra.

Um pouco à semelhança do mais recente disco da americana Sarah Louise ( “Nighttime birds and Morning Stars” ), Diana Collier não renegando a matriz folk que a inspirou no no passado, opta aqui por experimentar novas paisagens sonoras.

Sarah Louise abandonou – temporariamente acredita-se – a linguagem nativa dos Apalaches procurando os caminhos do experimentalismo. Diana Collier conserva parte do seu adn folk, mas em simultâneo opta por percorrer caminhos mais intimistas, musicalmente arrojados.

Tudo em “Ode to Riddley Walker” gira em redor de um conceito minimalista; vocalizações, instrumentação, arranjos … e, nesse sentido, é também um novo desafio.

O tema título por exemplo, constitui-se uma belíssima peça de joalharia musical onde a tradição se funde com o experimentalismo ( cortesia do sintetizador de Dom Cooper ). O resultado surpreende pelo ineditismo, transformando a canção num lugar ao qual se torna obrigatório regressar amiúde, única forma de aquilatar da sua verdadeira magnitude.

“Simon Llewellyn” beneficia da concertina e contribuição vocal de Nancy Wallace; “The Bonny Hind” é uma adaptação acapella de um velho tradicional; “Margins” uma melodia que ficaria perfeita num qualquer registo dos Owl Service. “Friends” por seu lado é um refúgio onde impera a serenidade. A adição da concertina de Nancy Wallace ao piano de Diana, confere ao tema a patine que habitualmente só tempo atribui. Coincidência ou não, a canção fica a pairar muito para além dos últimos acordes se desvanecerem.

Não sendo um trabalho fácil ou de massas, “Ode To Riddley Walker” é um disco onde uma vez mais se prova que menos é mais. A audição requer atenção e exigência. O retorno é generoso e oferece uma vincada sensação de tranquilidade, onde a beleza habita paredes meias com um júbilo comedido, embora marcante.