É escasso o interesse do Atalho por histórias de sucesso.
Não falta por aí quem delas fale amiúde, ainda que com
motivações diversas.
Prefiro sempre as outras. Histórias anónimas, aquelas que
ninguém conta.
Porque de todo as desconhecem ou, porque não são
suficientemente mediáticas para delas retirarem dividendos.
Atrevo-me a citar Joyce Carol Oates numa recente entrevista à revista “America”, ( onde explica com uma notável clareza o quão complicado é hoje o mosaico social americano e o quanto e como as suas acções moldam o actual mapa político ):“… Enquanto escritora, interessam-me as pessoas, mais do que as razões. As vidas extraordinárias das pessoas vulgares”.
Bob Theil é natural da Escócia e apesar de ser
o autor de um dos discos mais intemporais
produzidos no Reino Unido nos 80s - “So Far” –, permanece uma ilustre
obscuridade.
E no entanto, “So far” irradia humanidade e na
forma, ronda a perfeição. A arquitectura sonora é tão bela quanto simples e as
histórias são quotidianas. O difícil é ficar-lhe indiferente. Custa a entender
como a generalidade dos seguidores de Pink
Floyd, Leonard Cohen, Roy Harper ou
Richard Thompson não lhe tenham prestado atenção.