17/10/19

Tim Buckley - Phantasmagoria in Two



Hoje, ao reescutar “Phantasmagoria in Two”, lembrei-me de uma história.

Por altura do Natal de 81, com 14 anos de atraso, foi pela primeira vez publicado em Portugal o álbum “Goodbye and Hello” de Tim Buckley.

Na época, a minha crónica publicada no “Jornal Se7e” terminava assim: “  mais do que um acto capaz de aplacar as carências dos nossos egos, a audição desta música é a única forma possível de pagar a dívida que desde então contraímos para com Tim Buckley.

A forma utilizada, que não o conteúdo, talvez fosse hoje diferente mas naquela redacção, durante cerca de duas semanas, fui o destinatário quase exclusivo do gozo generalizado e zombarias similares.  “Pagar uma dívida a Tim Buckley??”

Convicto, ria-me para dentro, encolhia os ombros e pensava: “não lhes chegava serem surdos, tinham de nascer desprovidos de alma.”

Passaram décadas e “Goodbye and Hello” permanece um dos meus discos de cabeceira. Meu e de muita outra gente,  grande parte dela nascida bastante depois do álbum ter sido publicado e que decerto concorda comigo.

O tempo permanece o melhor crítico musical que conheço. E um jovem que aos 19 anos, possui a maturidade e sensibilidade suficientes para escrever um texto como “Phantasmagoria in Two”, musicá-lo e interpretá-lo desta forma extraordinária, no mínimo, merece a eternidade.