29/07/19

Robert Kirby



Recentemente  perguntaram-me qual o real significado de “Englishness” na música. Estranhamente, hesitei. E no entanto convivo há décadas paredes meias com esse sentimento peculiar, onde se compaginam características tão diversas como sentido de humor, respeito pela tradição, inteligência e estoicismo.

Em simultâneo concreto e abstracto é, na sua magnitude e ambivalência, um estado de espírito difícil de definir com exactidão por um latino. Imagino que seja algo de muito parecido como tentar explicar a “saudade” a um inglês.

Socorri-me primeiramente de Edward Elgar para ilustrar a tentativa de explicação. Depois ocorreu-me que talvez Robert Kirby ( 1948 – 2009 ) pudesse ser um exemplo mais próximo da contemporaneidade. Uma parcela significativa dos seus arranjos e orquestrações definem as virtudes daquela identidade cultural na perfeição.

Hoje, vista ao retrovisor, a impressionante lista de músicos com quem colaborou, tem tradução no que de melhor a música inglesa ofereceu entre 1969 e 2009. Nick Drake, Shelagh McDonald, John Cale, Spriguns, Richard Thompson ou Sandy Denny são disso exemplos perenes.