Recentemente perguntaram-me qual o real significado de “Englishness” na música. Estranhamente, hesitei.
E no entanto convivo há décadas paredes meias com esse sentimento peculiar,
onde se compaginam características tão diversas como sentido de humor, respeito
pela tradição, inteligência e estoicismo.
Em simultâneo concreto e
abstracto é, na sua magnitude e ambivalência, um estado de espírito difícil de
definir com exactidão por um latino. Imagino que seja algo de muito parecido
como tentar explicar a “saudade” a um inglês.
Socorri-me primeiramente de Edward Elgar para ilustrar a tentativa
de explicação. Depois ocorreu-me que talvez Robert Kirby ( 1948 – 2009 ) pudesse ser um exemplo mais próximo da
contemporaneidade. Uma parcela significativa dos seus arranjos e orquestrações
definem as virtudes daquela identidade cultural na perfeição.
Hoje, vista ao retrovisor, a
impressionante lista de músicos com quem colaborou, tem tradução no que de
melhor a música inglesa ofereceu entre 1969 e 2009. Nick Drake, Shelagh McDonald,
John Cale, Spriguns, Richard Thompson ou Sandy Denny são disso exemplos perenes.