Quem tiver a paciência para ler neste espaço decidirá, mas o
Atalho quer acreditar que mantém toda a
abertura para as novas sonoridades e se delas mais não fala é porque na sua
opinião não justificam a referência.
Algo de semelhante se passa de resto com artistas cuja obra
atravessa o tempo e as gerações. Neil
Young por exemplo.
Sabe-se que o canadiano é imune a pressões, movimentando-se
apenas em função dos seus impulsos, artísticos, pessoais ou ambos.
O facto da recuperação dos seus arquivos ter vindo a incidir
fundamentalmente em material da primeira metade dos 70s não tem por certo apenas
a ver com critérios cronológicos ( esses também nunca foram uma barreira para o
autor ); talvez Young tenha finalmente aceite e reconhecido que grande parte do
seu melhor material está confinada àqueles anos. Uma teoria naturalmente,
porque com o canadiano nada é adquirido.
Captado ao vivo a 5 de Fevereiro de 73 na Universidade do
Alabama, “Tuscaloosa” mostra-nos um Neil
Young no pico da sua forma, acompanhado pela mesma banda que gravou “Harvest”
( Jack Nitzsche no piano, Tim Drummond no baixo, Kenny Buttrey na bateria e Ben
Keith na guitarra slide ) e “Time Fades Away” ( aqui com Johnny Barbata no lugar de Buttrey ).
Face ao alinhamento do concerto poderá haver quem, legitimamente,
questione: precisávamos mesmo de “Tuscaloosa” quando tínhamos os
referidos “Harvest” e “Time Fades Away”? A resposta é afirmativa.
Sim, precisávamos.
Porque “Tuscaloosa” é seguramente um dos melhores discos ao vivo de Young. Não apenas pelo extraordinário naipe de canções que integra, mas sobretudo pela forma inspirada e consistente como estas são interpretadas pelos Stray Gators, liderados por esse músico enorme que foi Jack Nitzsche.
Porque “Tuscaloosa” é seguramente um dos melhores discos ao vivo de Young. Não apenas pelo extraordinário naipe de canções que integra, mas sobretudo pela forma inspirada e consistente como estas são interpretadas pelos Stray Gators, liderados por esse músico enorme que foi Jack Nitzsche.
“Here we are in the years” e “After the gold rush” são Young
a solo; mas logo a seguir, nas sublimes versões
mid-tempo de “Out of the weekend” e “Old man”, locais a guitarra acústica do
canadiano nunca soou tão bem, irrompe
todo o talento da banda de suporte. “Lookout Joe” e “New Mama”, versões pujantes
mas menos claustrofóbicas que em “Tonight’s The Night” evidenciam toda
a mestria de Bill Keith na slide guitar.
“Alabama” por seu lado não ostenta o conforto das vozes de David Crosby e Stephen Stills,
mas em contrapartida é uma delicia escutar o piano maestro de Nitzsche.
E no final, depois da enésima audição de “Tuscaloosa”,
quase nos esquecemos de quão brilhante é “Roxy, Tonight’s The Night Live”
publicado no ano passado.