16/01/19

The Choir "Artifact: The Unreleased Album"



Mentor, Cleveland / Ohio, 1964. Influenciados pela chamada “British Invasion” um grupo de miúdos forma uma banda. Auto denominam-se The Mods. Gravam dois singles imberbes. Dois anos volvidos decidem mudar o nome para The Choir.

No período compreendido entre 66 e 70 a formação sofreu meia dúzia de alterações. Por lá passaram entre outros Joe Walsh ( futuro guitarrista de James Gang e dos Eagles ) e Eric Carmen ( membro fundador dos Raspberries, mais tarde solo mainstream pop singer ). O resultado foi a publicação de um conjunto de singles de entre os quais um que ficou para memória futura: “It’s Cold Outside”.

Estabilizados na forma de um quinteto:  Phil Giallombardo ( órgão ), Randy Klawon ( guitarra ), Denny Carleton ( baixo ),  Jim Bonfanti ( bateria ) e Kenny Margolis ( piano ), em Fevereiro de 1969 os The Choir gravam um conjunto de canções destinadas à publicação do seu primeiro álbum. Do resultado daquelas sessões não houve noticias durante cerca de 48 anos; até que alguém recentemente escutou as fitas e decidiu avançar para a respectiva publicação.


E a pergunta que hoje se coloca é: what if … ? Sim, o que teria acontecido se  Artifact: The Unreleased Album” tivesse sido dado a conhecer a seu tempo?

Acantonadas entre  clássicas harmonias pop / rock, o vaudeville pop dos Kinks ( não é surpreendente a versão de “David Watts”, um original de Ray Davies para o álbum “Something Else” ), o pop escorreito dos Bee Gees da época e as teclas ( órgão sobretudo ) roubadas aos primeiros discos dos Procol Harum ou The Band, as 10 canções que integram “Artifact” são um puro deleite, qualquer que seja a perspectiva escolhida para a abordagem.

“Anyway I can” ou “If these are men” antecipam o power pop dos Raspberries ( banda que uma parte dos The Choir viria a formar em 1972 ), “Ladybug” é Procol Harum em estado puro, “For Eric” um tema jazz incrustado por óbvia latinidade e, “It’s All Over” um   mini épico que Robin Gibb não se teria importado de assinar.

Tudo somado, “Artifact: The Unreleased Album” é constituído por um conjunto de canções de mão cheia, com as “bridges” e “chorus” no devido sítio, repleto de cativantes melodias, arranjos por vezes complexos mas sempre apelativos.

“What If …?” é de facto uma pergunta pertinente.