“Tonight’s the Night” encerra um extraordinário conjunto de
canções.
Escrito e composto em cima dos falecimentos de Danny Whitten e Bruce Berry, sendo por isso frequentemente retratado como um álbum “negro”, 43 anos após a primeira publicação, assume-se a par de “On The Beach”, como um dos discos mais consistentes de Neil Young. Onde “Harvest” era luz, esperança, algum humor e ingenuidade quanto baste, “Tonight’s” habita o campo oposto: é sombrio, triste, quase desesperado ... Não obstante, sobreviveu como poucos ao teste do tempo.
Escrito e composto em cima dos falecimentos de Danny Whitten e Bruce Berry, sendo por isso frequentemente retratado como um álbum “negro”, 43 anos após a primeira publicação, assume-se a par de “On The Beach”, como um dos discos mais consistentes de Neil Young. Onde “Harvest” era luz, esperança, algum humor e ingenuidade quanto baste, “Tonight’s” habita o campo oposto: é sombrio, triste, quase desesperado ... Não obstante, sobreviveu como poucos ao teste do tempo.
A melhor prova do que atrás fica escrito é “Roxy,
Tonight’s the Night Live”.
Podia pensar-se - e muitos de nós, os que não estiveram no
Roxy nas noites de 20 e 22 de Setembro de 1973 tê-lo-emos seguramente cogitado
-, que o formato e personalidade daquelas canções estava traçado; seriam sempre
agrestes, angulosas e sombrias. Nada que incomodasse muito, aprendemos a gostar
delas assim.
Mas o aparentemente “impossível” aconteceu. As gravações
captadas no concerto de West Hollywood naquele princípio de outono trazem-nos
“outras” canções. Resgatadas ao estúdio e libertadas em palco, “Tonight’s the
Night I e II”, “Albuquerque” ou “Speakin’ out” adquirem uma outra dimensão;
menos cinzenta, mais ampla, quase cinematográfica.
Tudo isto, exactamente com os mesmos músicos ( Neil, Ben
Keith, Nils Lofgren, Billy Talbot e Ralph Molina ), os mesmos arranjos e
praticamente as mesmas deixas trazidas do estúdio. “New Mama” presenteada com
um arranjo de maior pendor acústico é talvez a excepção, mas ainda assim uma
excepção positiva.
Quando comparado com a edição de estúdio de 1975 ( o álbum
ficara retido dois anos, a ponto de “On The Beach” ainda que gravado
posteriormente, ter saído no ano anterior ), “Roxy” deixa cair
“Borrowed Tune”, “Come on Baby let’s go Downtown” e “Lookout Joe”; em
contrapartida acrescenta uma versão “countryficada” de “Walk on” com a pedal
steel de Ben Keith a bordejar a mestria de Jerry Garcia no instrumento.
Analisado e ponderado o conjunto, será justo salientar que “Roxy,
Tonight’s the Night Live” é tudo menos uma redundância. O esplendor
sonoro que transmite ( falamos da versão em vinil ) é algo de “novo” e
totalmente inesperado, prova provada que a lendária casmurrice do canadiano no
que respeita a edições e, sobretudo, a reedições, acaba por fazer todo o
sentido.
Um absoluto deslumbre.