“A
college friend of Nick Drake, Robert
Kirby’s first commissioned works as an arranger were his unique autumnal
orchestrations for Drake’s “Five Leaves
Left”. The sound was English and melancholic, closer to Vaughan Williams
than Phil Spector. He was soon in demand and by the end of the 70’s had worked
with the cream of the British folk rock world.”
Paul Buckmaster e Robert
Kirby são dois nomes fundamentais na música popular britânica dos 70s. Num
patamar também habitado por Sandy Robertson, Joe Boyd, Peter Eden ou Tony
Visconti; ainda que estes num registo diferente: o da produção.
Enquanto orquestrador, Buckmaster ficou para a história fruto
do seu monumental trabalho nos primeiros álbuns de Elton John, aqueles que verdadeiramente interessam: “Tumbleweed
Connection”, “Elton John”, “Madman Across the Water”,
além de “Space Oddity” de Bowie ou “Songs of Love and Hate” de Leonard Cohen,
entre outros.
Kirby, colega de Nick
Drake em Cambridge, partilhava com este os mesmos gostos musicais e
interesse pela poesia, enquanto planeava ser professor de música. Em 1969,
quando da gravação do álbum de estreia “Five Leaves Left”, Nick Drake mostrou-se
insatisfeito com os arranjos de Richard Hewson e convenceu Joe Boyd a chamar o antigo colega.
O que daí resultou sabemos hoje todos. Os
discos de Nick Drake nunca seriam o que são e Kirby por seu lado nunca teria
tido acesso às oportunidades seguintes.
Ao lirismo do referido Paul Buckmaster, Kirby acrescentava um
misto de melancolia e “englishness”. Algo que por um lado o distinguia de todos
os outros e, por outro, o mantinha perto da tradição, fosse a de Edward Elgar ou a do folk tradicional.
“When the Day is Done, The Orchestrations of Robert Kirby” é a
primeira colectânea a debruçar-se sobre o trabalho do músico. Naturalmente opinativa como todas as
compilações, agrega uma vintena de títulos oriundos do chamado “underground”
britânico dos 70s, folk-rock sobretudo, mas também alguma música de inspiração
progressiva.
Melhor ou pior, a grande maioria dos temas era já familiar a
todos os que se interessam por estas coisas; não obstante alguns deles não eram
imediatamente identificados com Kirby.
Os trabalhos com Nick Drake, Keith Christmas, Andy Roberts,
John Cale, Shelagh McDonald, Spriguns, Sandy Denny ou Vashti Bunyan são clássicos
perenes, não acrescentam portanto nenhum espanto. Porém, a subtileza dos
arranjos nas canções de Tim Hart and Maddy Prior, Gilliam McPherson e Steve
Ashley; a vertente celta conferida a “First Light” de Richard and Linda
Thompson, ou as credenciais art-rock ( resultantes muito provavelmente da experiência
de Kirby nos Strawbs, quando
episodicamente substituiu um Rick Wakeman de saída para os Yes ) patenteadas nos trabalhos com Audience e Illusion são esses
sim distintivos.
No mais e concluindo, “When the Day is Done” é um trabalho
notável e indispensável, ponto de partida para a descoberta de muitas outras
preciosidades que a carreira de Robert
Kirby ( 1948 – 2009 ) seguramente encerra.