19/03/18

"When the Day is Done, The Orchestrations of Robert Kirby"



  
A college friend of Nick Drake, Robert Kirby’s first commissioned works as an arranger were his unique autumnal orchestrations for Drake’s “Five Leaves Left”. The sound was English and melancholic, closer to Vaughan Williams than Phil Spector. He was soon in demand and by the end of the 70’s had worked with the cream of the British folk rock world.”

Paul Buckmaster e Robert Kirby são dois nomes fundamentais na música popular britânica dos 70s. Num patamar também habitado por Sandy Robertson, Joe Boyd, Peter Eden ou Tony Visconti; ainda que estes num registo diferente: o da produção.

Enquanto orquestrador, Buckmaster ficou para a história fruto do seu monumental trabalho nos primeiros álbuns de Elton John, aqueles que verdadeiramente interessam: “Tumbleweed Connection”, “Elton John”, “Madman Across the Water”, além de “Space Oddity” de Bowie ou “Songs of Love and Hate” de Leonard Cohen, entre outros.


Kirby, colega de Nick Drake em Cambridge, partilhava com este os mesmos gostos musicais e interesse pela poesia, enquanto planeava ser professor de música. Em 1969, quando da gravação do álbum de estreia “Five Leaves Left”, Nick Drake mostrou-se insatisfeito com os arranjos de Richard Hewson  e convenceu Joe Boyd a chamar o antigo colega. O que daí resultou sabemos hoje todos.  Os discos de Nick Drake nunca seriam o que são e Kirby por seu lado nunca teria tido acesso às oportunidades seguintes.

Ao lirismo do referido Paul Buckmaster, Kirby acrescentava um misto de melancolia e “englishness”. Algo que por um lado o distinguia de todos os outros e, por outro, o mantinha perto da tradição, fosse a de Edward Elgar ou a do folk tradicional.

When the Day is Done, The Orchestrations of Robert Kirby” é a primeira colectânea a debruçar-se sobre o trabalho do músico.  Naturalmente opinativa como todas as compilações, agrega uma vintena de títulos oriundos do chamado “underground” britânico dos 70s, folk-rock sobretudo, mas também alguma música de inspiração progressiva.


Melhor ou pior, a grande maioria dos temas era já familiar a todos os que se interessam por estas coisas; não obstante alguns deles não eram imediatamente identificados com Kirby.

Os trabalhos com Nick Drake, Keith Christmas, Andy Roberts, John Cale, Shelagh McDonald, Spriguns, Sandy Denny ou Vashti Bunyan são clássicos perenes, não acrescentam portanto nenhum espanto. Porém, a subtileza dos arranjos nas canções de Tim Hart and Maddy Prior, Gilliam McPherson e Steve Ashley; a vertente celta conferida a “First Light” de Richard and Linda Thompson, ou as credenciais art-rock  (  resultantes muito provavelmente da experiência de Kirby nos Strawbs, quando episodicamente substituiu um Rick Wakeman de saída para os Yes ) patenteadas nos trabalhos com Audience e Illusion são esses sim distintivos.

No mais e concluindo, “When the Day is Done” é um trabalho notável e indispensável, ponto de partida para a descoberta de muitas outras preciosidades que a carreira de Robert Kirby ( 1948 – 2009 ) seguramente encerra.