Randy Newman foi, é e será único.
Desde há largos anos, talvez o herdeiro último da tradição musical Tin Pan Alley, Newman compõe lenta e minuciosamente, como um ourives. Publica quando tem algo de importante a dizer e não porque sim, como é hábito por aí.
Dir-se-á: as suas letras nunca atingirão o lirismo de um Dylan, a emotividade de Springsteen ou a iconoclastia de um Waits, mas em contrapartida são feitas de uma mordacidade sem limites. Nesse particular roçam a genialidade, sendo absolutamente cirúrgicas e eficazes.
Atente-se em “A few words in defence of our Country” de há uns anos ou em “Putin” no recém editado “Dark Matter”. Aqui, os cerca de 8 minutos de “The Great Debate” poderão parecer excessivos, mas mesmo o mais conciso dos song-writers teria dificuldade em retratar a América do pré e pós Trump num tema mais curto.
Desde há largos anos, talvez o herdeiro último da tradição musical Tin Pan Alley, Newman compõe lenta e minuciosamente, como um ourives. Publica quando tem algo de importante a dizer e não porque sim, como é hábito por aí.
Dir-se-á: as suas letras nunca atingirão o lirismo de um Dylan, a emotividade de Springsteen ou a iconoclastia de um Waits, mas em contrapartida são feitas de uma mordacidade sem limites. Nesse particular roçam a genialidade, sendo absolutamente cirúrgicas e eficazes.
Atente-se em “A few words in defence of our Country” de há uns anos ou em “Putin” no recém editado “Dark Matter”. Aqui, os cerca de 8 minutos de “The Great Debate” poderão parecer excessivos, mas mesmo o mais conciso dos song-writers teria dificuldade em retratar a América do pré e pós Trump num tema mais curto.
Quanto a
“Putin”: “… Putin puttin’ his pants
on/One leg at a time/You mean he’s just like a regular fellow, huh?/He ain’t
nothing like a regular fellow/Putin puttin’ his hat on/Hat size number nine/You
sayin’ Putin’s getting’ big headed?/Putin’s head’s just fine…”, o próprio não
deixará certamente de sorrir ante o humor subtil do retrato.
Os tocantes “Lost without you” e “She chose me” são olhares
serenos sobre a vida, algo que só o actual Newman poderia escrever. Dito isto, “Dark
matter” inclui canções notáveis, mas carece de unidade. Musicalmente
encontra-se perto de “Ragtime” e longe do genial “Sail Away”, mesmo até de “Good Old
Boys” ou “Little Criminals”. Uma proximidade que os fãs seguramente
prefeririam.