Durante décadas olhado como uma espécie de “Holy Grail” do
folk britânico “Bright Phoebus” permanece um dos mais contundentes legados de Lal e Mike Waterson, os membros mais
novos do clã Waterson ( Norma, Mike e Lal ).
Gravado em 1972 na Cecil Sharp House, sob a supervisão de Martin Carthy e Ashley Hutchings ( à época membros dos Steeleye Span ) o álbum, concluído numa semana, foi aplaudido pela
crítica e repudiado pela maioria do público folk.
Dos Watersons era suposto esperar canções tradicionais, de
preferência “a capella”, mas “Bright Phoebus” do alto da sua estranha
genialidade fugia daquela ortodoxia. A inspiração é naturalmente folk, mas as
canções escritas e interpretadas pelos irmãos Lal e Mike habitam uma penumbra moldada
pelas vivências / memórias de uma infância marcada pela orfandade. Talvez por
isso não seja um disco fácil. Catalogado de “folk noir”, ostenta aquele tipo de
inspiração que só tempo permite reconhecer ( a saga de Nick Drake é outro
exemplo maior deste fado ).
Ashley Hutchings e, especialmente Martin Carthy, contam ter
ficado tão impressionados com as canções dos dois irmãos que partiram de
imediato para as gravações. Convocaram Richard Thompson, Dave Mattacks, Maddy
Prior e Tim Hart e, com a colaboração avulsa de Norma Waterson, nasceu ali uma liturgia
que se manteve até hoje.
A canção mais conhecida será porventura “Fine Horseman” que Anne Briggs já havia incluído no seu
álbum “The time has come” no ano anterior, mas “The scarecrow”,
“Magical man”, “Never the same” ou o tema título, são outras das pequenas
pérolas que ajudam a fazer deste um grande disco.
A reedição da Domino inclui uma opção que adiciona onze demos
não constantes na prensagem original.