31/08/17

Jardins do Paraíso ( LVI )



Durante décadas olhado como uma espécie de “Holy Grail” do folk britânico “Bright Phoebus” permanece um dos mais contundentes legados de Lal e Mike Waterson, os membros mais novos do clã Waterson ( Norma, Mike e Lal ).

Gravado em 1972 na Cecil Sharp House, sob a supervisão de Martin Carthy e Ashley Hutchings ( à época membros dos Steeleye Span ) o álbum, concluído numa semana, foi aplaudido pela crítica e repudiado pela maioria do público folk.

Dos Watersons era suposto esperar canções tradicionais, de preferência “a capella”, mas “Bright Phoebus” do alto da sua estranha genialidade fugia daquela ortodoxia. A inspiração é naturalmente folk, mas as canções escritas e interpretadas pelos irmãos Lal e Mike habitam uma penumbra moldada pelas vivências / memórias de uma infância marcada pela orfandade. Talvez por isso não seja um disco fácil. Catalogado de “folk noir”, ostenta aquele tipo de inspiração que só tempo permite reconhecer ( a saga de Nick Drake é outro exemplo maior deste fado ).


Ashley Hutchings e, especialmente Martin Carthy, contam ter ficado tão impressionados com as canções dos dois irmãos que partiram de imediato para as gravações. Convocaram Richard Thompson, Dave Mattacks, Maddy Prior e Tim Hart e, com a colaboração avulsa de Norma Waterson, nasceu ali uma liturgia que se manteve até hoje.

A canção mais conhecida será porventura “Fine Horseman” que Anne Briggs já havia incluído no seu álbum “The time has come” no ano anterior, mas “The scarecrow”, “Magical man”, “Never the same” ou o tema título, são outras das pequenas pérolas que ajudam a fazer deste um grande disco.

A reedição da Domino inclui uma opção que adiciona onze demos não constantes na prensagem original.