03/08/17

House and Land "S/t"


 
Asheville, encaixada num vale confinado ao sopé das Smoky Mountains, é um dos lugares mais encantadores da Carolina do Norte.  

Provavelmente a cidade americana com mais cervejarias e galerias de arte per capita, transpira talento nas ruas geométricas  e arrumadas, quase bostonianas de tão europeias.

Um refúgio perfeito para artistas e criadores que encontram ali uma sofisticação que o sul tradicionalmente conservador não privilegia.  Sally Anne Morgan e Sarah Louise Henson são autóctones. Multi-instrumentistas ambas, a primeira já veterana dos Pelt e Black Twig Pickers, Sarah dando os primeiros passos, optaram por juntar os respectivos talentos e dar corpo ao projecto House and Land.


Construído em percentagens equilibradas de tradição e experimentalismo, o álbum de estreia homónimo “House and Land”, é um trabalho que não irá ser um êxito comercial, antes um daqueles discos de músicos para músicos e que, como tal, prevalecerá para além da espuma dos dias.

Entre a vertente apalachiana, o finger-picking, o impressionismo drone e as seculares melodias folk britânicas, “House and Land” estabelece uma conexão perfeita entre o novo e o antigo, nunca abdicando de uma hipnótica simplicidade que o torna verdadeiramente especial.


Num tempo em que tudo é processado até à exaustão, Sally e Sarah inventaram um disco minimalista nos adornos, que nos remete para as gravações transgeracionais de Shirley e Dolly Collins nos 70s ( a versão de “False True Lovers” não surge aqui por mero acaso ).

Thom Nguyen ajuda nas percussões, mas são sobretudo as prestações de Sarah ( voz, guitarra acústica e bouzouki ) e Sally ( voz, violino e banjo ) que cativarão a atenção e sentidos daqueles que optarem por prestar atenção a pequenas preciosidades como “The day is past and gone”, “Home over Yonder” ou “Rich Old Jade”.