Recorrendo ao alter ego Alex
Rex e aproveitando uma licença sabática dos Trembling Bells, Alex
Nielson acaba de publicar aquele que é verdadeiramente o seu primeiro
álbum a solo: “Vermillion”.
Um criador de mente aberta, Nielson é já um veterano no campo do experimentalismo e da
improvisação. Apaixonado também pela folk e tradições pagãs que a corporizam, o
músico inglês tornou-se sobretudo conhecido em 2008 quando criou os Trembling Bells e, mais tarde, os Death Shanties.
Para trás ficaram as parcerias experimentais com Richard
Youngs; agora é o tempo de pendurar na parede as fotos de velhos ícones folk
como Shirley Collins ou Norma Waterson.
Todavia, ainda assim, aquela que aparenta ser a sua paixão
maior encontra-se no legado da Incredible
String Band. De facto é possível dissecar
e virar do avesso os discos dos Bells, no final o que resta é quase sempre
aquela sonoridade atonal e iconoclasta da banda escocesa.
“Vermillion” não é nem poderia ser muito diferente. Nielson está
apaixonado pela folk e o paganismo que celebra, mais não é que a sua forma particular
de olhar a tradição. Desconfortável umas vezes ( “The Screaming Cathedral” ou
“Postcards from a dream” ), sublime noutras ( “Lucy” ou “Please God make me
good, but not yet” ), antigo noutras ainda ( “The perpetually replenished Cup” ),
“Vermillion”
é um disco extraordinário que como todas as obras do mesmo calibre não se
esgota no tempo. E as velhas bandeiras da Incredible
String Band e, já agora, também da Albion
Country Band ondulam de novo ao
sabor dos ventos.