Após uma extensa carreira de cinco décadas, o veterano e
dificilmente catalogável guitarrista britânico Michael Chapman decidiu-se finalmente por fazer o seu “disco
americano”. “50” é o tipo de trabalho que há muito se esperava do autor.
Desde que começou a ser falado no circuito folk britânico de
Cornish, Chapman assinou um extraordinário conjunto de álbuns a solo e tocou
com artistas tão díspares como Mick
Ronson, Elton John, Rick Kemp, Thurston Moore, Bill Callahan, Jack Rose ou Ryley
Walker.
Partindo das raízes folk, abraçou o ecletismo e os limites
deixaram de ser possíveis. Inovou, desconstruiu, raramente imitou. Daí que os seus álbuns sejam
hoje tão referenciados quanto os de outras lendas como Roy Harper, Wizz
Jones, Mike Cooper, Richard Thompson ou
Bert Jansch.
Comemorando os 50 anos de carreira, “50” é a reinvenção do
próprio autor. À excepção de três originais, os restantes temas foram
recuperados ao seu cancioneiro. Steve Gunn ( que toca guitarra e produz ),
Nathan Bowles, James Elkington e Bidget St. John são as âncoras que permitem a
Chapman libertar-se de “tarefas administrativas” e concentrar-se apenas na
cromaticidade de sons que a sua guitarra propicia.
Sonoridades americanas, parentes próximas das detectadas nas
obras de Steve Gunn, Black Twig Pickers, William Tyler ou Jack Rose. Uma
pintura sonora.