05/02/15

Signs of the Silhouette "Spring Grove"


Por vezes, aquele difícil e muito pouco estético exercício de andar com um ouvido em permanente contacto com o solo, é recompensador. A música mais arrojada continua a pulsar no subsolo, chame-se ele underground ou outra coisa qualquer.

Os Signs of the Silhouette não são propriamente uma novidade, andam por aí desde o inicio da década e com “Spring Grove consolidam o espaço entretanto ocupado e  catapultam as suas tempestades psicadélicas para outros horizontes.  O quarto álbum o duo de Lisboa é um furacão cujo epicentro se localiza naquele espaço onde se cruzam o psicadélico, o krautrock e a música de vanguarda. O drone também passa por ali, mas residualmente.

Dito isto, os quatro longos temas que fazem “Spring Grove” são um desafio. Permanente. Os SOTS constroem uma música que não soa igual duas vezes e que exige da parte de quem se dispõe a escutá-la uma disponibilidade que está para além do mero divertimento. Umas vezes transporta-nos para o universo de Acid Mothers Temple, outras para as excentricidades Hawkwind. Por momentos julgamos estar em Liverpool em frente a uma prestação dos Mugstar, para logo a seguir as espirais eléctricas das guitarras e o pulsar monolítico da percussão fazerem a ponte com as prestações hipnóticas de Nudity ou Bardo Pond.

É dificil? É. Mas se fosse fácil também não estariam a ler este texto.