Discreto, até a controlar cada vez melhor a exuberância, ainda que absolutamente essencial, Steve Gunn acaba de publicar um novo opus de canções ( isso mesmo, de canções ): “Way out weather”.
Sempre em crescendo – “Cantos de Lisboa”, ao lado de Michael Chapman tratou-se de um hiato experimentalista -, a carreira do guitarrista de Brooklyn tem vindo a ultrapassar as expectativas mais optimistas e o novo cd, sendo do melhor que produziu, significa não apenas um paraíso instrumental, mas também um magnifico repositório de canções, numa inequívoca manifestação de maturidade artística que não seria expectável tão cedo.
E há de tudo em “Way out weather”; country blues, a meio caminho entre Lambchop e Calexico ( “Wildwood”, “Shadow Bros” ), “cosmic music” como Gram Parsons a entendeu ( “Fiction” ), alguma nostalgia ( “Millie’s Garden”, “Atmosphere” ) e guitarras, muitas guitarras como se os sons da west-coast dos 60s tivessem sido convocados de novo.
Ilustrativos a este respeito são “Drifter” e “Tommy’s Congo” onde as guitarras são mais que os músicos e por vezes quase dão a sensação que Garcia, Kaukonen, Kantner ou Young estão lá atrás, suportando os delírios cósmicos de David Crosby em “If i could only remember my name”.
O futuro tem tudo para ser brilhante.
