17/04/14

Jardins do Paraíso ( XXXVII )



Primeira fatalidade histórica! Sempre que se abordam os Byrds, o primeiro nome que vem à liça é o de Rober McGuinn e, logo a seguir, o de David Crosby. Só depois Gene Clark. E no entanto, o último contribuiu tanto como os primeiros para que os Byrds fossem, a par dos Buffalo Springfield, uma das bandas californianas dos 60s com maior percentagem de talento por metro quadrado.
É verdade que Clark resistiu menos que Crosby e foi posto à porta durante a gravação de “Fifth dimension”, ainda a tempo de co-assinar o hino “Eight Miles High”, mas até então as suas contribuições como songwriter e sobretudo como frontman tinham sido preponderantes.

Segunda fatalidade histórica! Sempre que se fala da discografia a solo de Gene Clark, destacam-se “Gene Clark/Gosdin Bros” e acima de tudo “No Other” ( um disco de canções excepcionais mas vestido por arranjos e orquestrações excessivamente gongóricas ), e frequentemente esquecem-se “White Light” e “Two Sides to Every Story”.

Em 1977, na sequela do fracasso comercial de “No Other”, Clark gravou “Two sides”, o seu último opus para uma major. Não se trata de um disco perfeito – a vertigem country de “Home Run King”, “In The Pines” ou “Kansas City Southern” não o permitem -, é no entanto repositório de algumas das mais marcantes e melancólicas canções que Clark gravou depois de “White Light”.  “Give my love to Marie”, “Hear the wind”, “Past Addresses” ou “Silent Crusade” encontram na cuidada reedição da High Moon o lugar certo para exalarem toda a eloquência que lhes está na génese.
 
Two sides to every story” é mais uma página incontornável na história de um talento ainda por reconhecer.