Primeira fatalidade histórica! Sempre que se abordam os Byrds, o primeiro nome que vem à liça é o de Rober McGuinn e, logo a seguir, o de David Crosby. Só depois Gene Clark. E no entanto, o último contribuiu tanto como os primeiros para que os Byrds fossem, a par dos Buffalo Springfield, uma das bandas californianas dos 60s com maior percentagem de talento por metro quadrado.
É verdade que Clark resistiu menos que Crosby e foi posto à
porta durante a gravação de “Fifth dimension”, ainda a tempo de co-assinar
o hino “Eight Miles High”, mas até então as suas contribuições como songwriter
e sobretudo como frontman tinham sido preponderantes.
Segunda fatalidade histórica! Sempre que se fala da
discografia a solo de Gene Clark, destacam-se “Gene Clark/Gosdin Bros” e
acima de tudo “No Other” ( um disco de canções excepcionais mas vestido por
arranjos e orquestrações excessivamente gongóricas ), e frequentemente esquecem-se
“White
Light” e “Two Sides to Every Story”.
Em 1977, na sequela do fracasso comercial de “No
Other”, Clark gravou “Two sides”, o seu último opus para
uma major. Não se trata de um disco perfeito – a vertigem country de “Home Run
King”, “In The Pines” ou “Kansas City Southern” não o permitem -, é no entanto
repositório de algumas das mais marcantes e melancólicas canções que Clark
gravou depois de “White Light”. “Give my
love to Marie”, “Hear the wind”, “Past Addresses” ou “Silent Crusade” encontram
na cuidada reedição da High Moon o lugar certo para exalarem toda a eloquência
que lhes está na génese.
“Two sides to every story” é mais uma página incontornável na
história de um talento ainda por reconhecer.