É tudo menos uma novidade. Sou, desde “The winding sheet” ( 1990
) um indefectível de Mark Lanegan,
logo menos objectivo e independente do que gostaria.
Nas últimas semanas tenho andado às voltas com “Imitations”
e as dúvidas têm sido mais que muitas. Trata-se de um registo pontualmente
empolgante, mas globalmente decepcionante. Excluindo algumas colaborações (
Isobel Campbell por exemplo ), será talvez o primeiro.
Um projecto de versões é sempre um projecto de versões, mas “I’ll
take care of you” ( 1999 )
também o era e é desde então um dos álbuns da minha vida. E sei que não estou
só nesta apreciação.
“Imitations” hesita entre
a sofisticação europeia e as paisagens rurais da América profunda, realidades
porventura incompatíveis. Duvido que John Cale, Nick Cave e Gerard Manset tenham
ficado particularmente entusiasmados com as novas roupagens dos respectivos
temas, a inclusão de “Mack the Knife” ( de Brecht e Weill ) é pouco
compreensível, e “She’s gone”, “Solitaire” ou “Autumn Leaves” soam excessivamente
Presley/Cashianas, um anátema difícil de ultrapassar aqui pelo Atalho.
Talvez a escolha do material tenha sido larga em demasia ou
talvez se trate apenas e só de um problema de “choque de expectativas”, tendo
em conta a qualidade e a solidez do que está para trás.
Ainda assim, “Flatlands” poderá, sem esforço, fazer parte de
um futuro “Best of” e, claro, “Deepest Shade” irá comigo para a “Ilha deserta”.