Os solstícios repetem-se mas há coisas que nunca mudam! A
indescritível sonoridade de uma Rickenbacker tocada por um artesão
predestinado, por exemplo.
Chris Wilson anda por aí há mais tempo do que
consigo lembrar-me; Loose Gravel na
adolescência, Flamin Groovies, Barracudas, Fortunate Sons e, depois disso, sempre que é necessário soltar um
riff aos quatro ventos.
“It’s Flamin’ Groovy!” podia muito bem ser apenas mais um pedaço de
revivalismo, mas acontece que se trata de uma tremenda colecção de canções. Um
verdadeiro “who’s who” do planeta Groovies ( para além de Chris Wilson, estão
aqui Cyril Jordan, George Alexander e Mike Wilhelm ) bem como Matthew Fisher ( o
orgão de “A Whiter Shade of Pale”, recordam-se? ) e o fiel
escudeiro Anthony Clark.
“It’s Flamin’ Groovy!” é preciso como um relógio suíço e
brilhante como uma peça de ourivesaria. Não existe nele uma única nota
dissonante, tudo é definido pela harmonia; riffs e omnipresentes solos de
guitarra incluídos. Sons rouquenhos não moram aqui. Tudo isto pensado e
executado por gente que foi responsável por algum do mais estimulante rock and
roll da história.
Para além de tocado, este álbum foi escrito a meias por
Wilson, Jordan e Clark. Alguns temas não serão novos ( “Bad Dreams”, “Semaphone Signals”, “Can’t let go” ou “All The Action”, surgiram
nos dois cds anteriores de Chris Wilson ) mas a elegância e as subtilezas agora
introduzidas, bem que compensam a ausência de novidade.
Escutem os primeiros 30 segundos de “All the Action” ou
“Shake that Feeling” e percebam porque existem coisas que não devem mudar
nunca.