04/12/12

Jardins do Paraíso XXXII ( Bruce Langhorne )


1971. Na ressaca do sucesso do filme “Easy Rider”, os estúdios da Universal financiaram a estreia de Peter Fonda como realizador: “The Hired Hand”, um western melancólico e ambiental, protagonizado pelo próprio Fonda e por um Warren Oates  enorme, como de resto era hábito.

À data o filme constituiu um estrondoso fracasso financeiro, a Universal  não recebeu retorno do investimento - cerca de um milhão de dólares –, e durante décadas ninguém mais falou no assunto. 

Existia no entanto um detalhe nada despiciendo:  a banda sonora. Quando da rodagem,  Fonda solicitou a Bruce Langhorne a cedência de um conjunto de temas acústicos que o guitarrista havia gravado em 69 e para os quais não tinha encontrado nenhuma editora interessada na respectiva publicação. Langhorne, um ilustre (des)conhecido que havia tocado guitarra em tudo o que era disco de folk ( de Bob Dylan a Joan Baez, passando por Tom Rush e Ritchie Havens ) acedeu, mas o score, tal como o filme, passou completamente despercebido.

Em 2001, quando a película foi finalmente reeditada em DVD, os melómanos descobriram a mina de ouro que era a sua banda sonora. Daí até à publicação pela primeira vez em registo áudio foi um pulinho. Desde então, desenvolveu-se um assinalável culto e, recentemente, “The Hired Hand” conheceu por fim uma reedição a condizer com o seu estatuto: formato vinilo, novo grafismo e limitada a 1.000 exemplares.

Espécie de “The Long Riders” ou “Paris Texas” silencioso, entre banjos, violinos, harmónios, guitarras, dobros, flautas  e percussões minimalistas, “The Hired Hand” vestiu  as roupas do country ambiental e esteve muitos anos à frente do seu tempo. E hoje, mesmo depois de tudo o que ouvimos e sabemos sobre o “alt-country/americana”, parece quase inverosímil que as onze pérolas que integram este score tenham permanecido inacessíveis durante mais de 30 anos.

Sabem pois o que têm a fazer. Isto, claro, se ainda forem a tempo.