O Atalho nunca publicou ou publicará nenhuma daquelas famigeradas listas dos “melhores do ano”. Simplesmente, porque não. Ponto!
Questão diversa é ter ao longo ano acumulado uma mão cheia de preferências. Repito, preferências. Discos que por uma razão ou outra mais me tocaram ou que melhor se identificaram com o meu estado de espírito num determinado momento.
A este título, recordo por exemplo o álbum dos Feelies “Here Before”, “The leaving of London” dos Bevis Frond, o cd homónimo de A Winged Victory for the Sullen, “Starry Mind” de P. G. Six, Max Richter com a banda sonora de “Sarah’s Key” ou “The wanting” de Glenn Jones. Mas retenho sobretudo “A lifetime of catastrophic failure” dos texanos Dunlavy, um conjunto de 20 pequenas peças musicais apenas disponível através de download legal no sitio da banda (http://dunlavy.bandcamp.com/album/a-lifetime-of-catastrophic-failure ).
Há muito que os Dunlavy andam por aí. Mais ou menos liderada pelo ex-Mike Gunn, Scott Grimm, a banda de Houston faz do neo-psicadelismo a trave mestra da sua evolução criativa. Aqui e ali introduz elementos novos, nuances que acrescentam consistência ao discurso, modernizando-o em simultâneo.
“A lifetime of catastrophic failure” não é mais do que um conjunto de miniaturas ( a mais extensa não ultrapassa 4 minutos ) e desta vez os meus psiconautas preferidos levitam entre os mantos cósmicos do krautrock, o psicadélico, o drone, o experimental e, a maior novidade, o stoner rock.
O Atalho tem uma enorme dificuldade em isolar, nomeando um qualquer dos 20 temas deste verdadeiro opus ( e estou certo que todos os que apreciam e valorizam a linguagem neo-psicadélica concordarão comigo). São todos eles pequenos artefactos orgânicos que transportam em si uma coerência e majestade que já não são deste tempo. Ou talvez estejam já para além dele.
Depois de “Here Before” dos Feelies, este deve ter sido o registo musical que mais escutei em 2011. Dito isto, “faites vos jeux …”
