Pode discutir-se o modelo. Inclusive a oportunidade. Nunca a eficácia
Para o Atalho, os Wooden Shjips são de momento a banda que melhor comunica entre o legado do krautrock germânico e a herança californiana dos 60s, com ou sem a componente psicadélica pelo meio. Um facto patente nos registos áudio e óbvio nas prestações de palco ( para aqueles que como eu já usufruíram desse privilégio ).
Ao terceiro CD, o colectivo de São Francisco, à equação Neu + La Dusseldorf / Doors + Mad River, decidiu adicionar os desvarios lisérgicos dos 80s, sendo que para tal procurou os serviços do músico/produtor Sonic Boom ex-mentor dos Spacemen 3. “West”, o resultado desta opção, soará porventura mais contemporâneo a ouvidos mais jovens e/ou apressados. Outros referirão porventura que terá perdido alguma da espontaneidade que fez de “Wooden Shjips” ( 2007 ) um dos registos mais interessantes dos últimos anos. O mérito porém está lá todo – bem entendido. A questão poderá colocar-se na(s) forma(s) escolhida(s) para o expressar.
Dito isto, e por ser verdade, convirá sublinhar que “West” é constituído por um conjunto de temas muito acima da média. “Black Smoke Rise” por exemplo, combina na perfeição o ritmo Neu com o paradigma Suicide, sendo que a ligação entre ambos é estabelecida através do inimitável órgão inventado por Ray Manzarek para os Doors. “Crossing” é uma fuga para a frente, em direcção aos Telescopes e aos Loop. E Sonic Boom e os seus Spacemen 3 sempre ali por perto.
"Home” é um monumental e riffeiro “killer track” que deveria obrigatoriamente rodar nas rádios “alternativas” deste país , caso estas o fossem de facto. Por seu lado, “Flight” é genericamente o somatório de tudo o que atrás fica dito, mais a fortíssima possibilidade dos Shjips terem escutado “The Piper at the Gates of Dawn” antes de entrarem em estúdio. “Rising”, a terminar, poderá muito bem ser o caleidoscópio planante que vai incendiar as audiências nos “encore” que inevitavelmente irão ter lugar por esses palcos fora.
Pena que a tournée dos Wooden Shjips não contemple datas portuguesas. Ou será que ainda nos é permitida uma ténue esperança …?