E eis que o maravilhoso mundo arqueológico das “private pressings” volta a surpreender-nos. Desta vez com a reedição daquele que será talvez o melhor registo de folk psicadélico saído do Hawai: “These Trails”.
“There was never an ensemble known as These Trails. The musicians barely even performed together in public, unless you include bonfires and front porches, and “These Trails” was just a song they might have sung. And, neither was this a “studio” project, given a fake band name to legitimize it, like so many exploitation one-offs and tax scam pressings. As the legend of this verdant psychedelic document has grown through the decades, no one has ever solved the discographic puzzle of an album without an artist. “These Trails” was merely the title given to a set of songs as written by Margaret Morgan and Patrick Cockett, and if there is an artist at all, it is the various settings in which these songs occurred: sometimes Waipoo, or Hanelei, or Kalihi Valley. Always an island, always in a dynamic homeorhesis of love, nature and creation”
(Rob Sevier, extracto do texto que acompanha a reedição)
Na verdade “These Trails” tinha tudo para ser uma gloriosa obscuridade. E foi-o durante largos anos. Até meados dos anos 90, quando finalmente os coleccionadores descobriram o esplendor de uma música simples e ao mesmo tempo exótica, eivada de painéis psicadélicos e sugestões naturalistas que emergiam das paisagens e envolvências proporcionadas pela vivência nas ilhas.
A escrita é perfeita, as vocalizações ( Margaret Morgan e Patrick Cockett ) a condizer e a instrumentação de base minimalista ( guitarra, dulcimer , tabla ) é aqui e ali aconchegada por um sintetizador decorado com extraordinário bom gosto ( verdade, também é possível ) ou por uma sitar misteriosa.
Não há em “These Trails” um único tema dispensável, mas a suite “Psyche I & Share your water” e o belíssimo “Hello Lou” são os preferidos do Atalho. O álbum tem 38 anos de idade. A magia porém é tanta que mal se dá por isso.