17/06/11

Jardins do Paraíso XXVI ( Turiiya )

O chamado “Holy Grail” é o maior pesadelo de qualquer coleccionador. No caso da música, particularmente do vinil, não existe um Holy Grail, mas vários. E, quando o anterior deixa de o ser, logo um outro se perfila como “o próximo”.




Há anos que demando “Waiting”, um mini-álbum gravado por um trio feminino de nome Turiiya e publicado na Nova Zelândia em 1985. Até à data não tive sucesso, provavelmente por não ter procurado onde devia, ou pura e simplesmente, não ter perguntado às pessoas certas.




Recentemente a persistência e a resiliência conduziram-me à fala com Jyoshna La Trobe, um dos terços de Turiiya e a única ainda em actividade. Entre outras coisas, confirmei o que há muito suspeitava. Não estou só nesta procura insana.




Porém, do contacto resultou algo de muito mais importante. A minha caixa do correio recebeu com enorme alegria uma reedição privada de “Waiting”; um CD que inclui os 5 temas originais do Mini-LP mais 6 inéditos. Onze títulos sem paradigma definido, absolutamente inclassificáveis, sendo que o belíssimo “Thread of Gold” a par de “Leave the past behind” serão os únicos que se aproximam do formato standard de canção. Tudo o resto é manufacturado com outra elegância, num excitante mix entre o folk, a world music, a campfire song, o jazz, a cappella e a música atonal.







O referido “Thread of gold”, fere de tão belo. O longo “Crimson dawn” ( 12m 11s ) é aquilo a que em tempos os australianos Crowded House chamaram de “Four seasons in one day”. Não me ocorre de momento melhor caracterização para este fantástico caleidoscópio de géneros musicais.




“Waiting” e “Ship in the harbour”, hesitam entre o partir e o ficar. A primeira tem como tema o comboio, a segunda o barco. As onomatopeias são a trave mestra de ambas.




Por fim e ainda que a informação constante no CD o não refira, os 6 temas acrescentados são seguramente oriundos de sessões posteriores e, à excepção de “Leave the past behind”, encontram-se demasiado perto da “new age” e são bastante menos interessantes do ponto de vista criativo.




O verdadeiro “Holy Grail” ( o vinil original ) continua por descobrir. A curiosidade está por agora saciada, mas a demanda vai prosseguir.