Publicado em 1999 sem que muito pouca gente tenha dado por isso, “The Lives of Charles Douglas” situa-se exactamente no espaço onde se encontram - e eventualmente sobrepõem - as narrativas Velvet Underground / Television / Ramones.
Claro que não possui o brilhantismo dos originais mas isso também seria pedir “o outro mundo” , como de resto se comprovaria em 2001 com o equívoco do projecto Strokes.
Dito isto é justo referir a intervenção pendular de Moe Tucker ( produtora e sobretudo baterista ) a qual, ao que consta, não teve trabalho fácil dada a constante interferência de vapores de espécie e proveniência diversas. Para além da poeira da ficção, a verdade é que Charles Douglas criou aqui um opus como há muito não emergia de Nova Iorque, talvez com a honrosa excepção dos últimos registos de Jim Carroll.
Escutem o “beat” infecto de “Summertime”, o “comix rock” “Earlybird School” ou os velvetianos “Under the command” e “ A boy like me” e, com a ajuda de Charles Douglas, aproveitam para regressar a uma herança musical que tem sempre algo mais para nos oferecer, assim os protagonistas se revelem à altura. Como no caso de Charles Douglas.
Em 1999 “The lives of Charles Douglas” vendeu tão pouco que durante anos foi necessário andar com uma candeia acesa para encontrar um original sem ceder à especulação. Num ápice a recente reedição resolve os dois problemas.