06/10/10

The Freeways "The Freeways"


Por vezes, uma receita imaginativa e bem confeccionada produz excelentes resultados. Atente-se no caso dos Freeways.

A um preparado feito à base de pós-punk, adicionam-se duas colheres de new-wave e garage-punk, uma pitada de Feelies ( de preferência da marca Velvet ), tempera-se com um pouco de “paisley-underground” e no final junta-se uma vocalista muito bem apessoada. Vai ao estúdio e, algum tempo depois, é-nos oferecido um disco que, estando longe de ser um portento de inovação, se escuta com indisfarçável prazer.

Originários de Cambridge/Boston os Freeways, propulsionados pela vocalista Karen Zanes ( está por apurar se possui algum parentesco com o Dan Zanes que nos idos 80 liderou os também bostonianos Del Fuegos ) e pelo guitarrista Frank E. Butkuns, têm no registo homónimo o seu disco de estreia.

Logo a abrir, “Whenever you want me” diz ao que vem. Um “beat” tonitruante e um “fuzz” a condizer, agarram-nos pelos colarinhos e o mais sensato é não oferecer grande resistência, muito embora a incomodativa sensação de já se ter ouvido isto em qualquer lado. “Neon Light Show” é um encontro inusitado entre os X e os Rain Parade, enquanto “I’ll take it” e “Shake the Dope out” ( um original dos Warlocks ) fazem os cilindros regressar à mais alta rotação.


Sobre “Love is a sick thing” paira uma inesperada inflexão melódica, enquanto “Country” se posiciona a meio caminho entre o monolitismo Wooden Shjips e as paisagens rurais que os Passions de Barbara Gogan percorreram no inicio dos anos 80. “Casa Loma” são de novo os X, mas desta vez com Kendra Smith no lugar de Exene Cervenkova.

Numa audição cega, teria defendido que as guitarras que abrem e sustentam “Glass Eye” eram oriundas de um tema inédito dos Feelies. Naahh, com o evoluir da canção constato que afinal uma sessão dos Mazzy Star seria algo de mais apropriado. Idem para o californiano “End of summer”.

Não se pense no entanto que “The Freeways” é um disco despiciendo. Ao contrário, trata-se um magnifico trabalho de “copy/paste” altamente recomendado para todos aqueles que ainda não atingiram os 25 anos. Naturalmente, com a recomendação expressa de logo a seguir tratarem de escutar os originais….