18/08/10

The Ascent of Everest "From this vantage"


From this vantage” é um belíssimo disco. E muito difícil de caracterizar, também. Nas várias audições que já leva, já me soou a Espers, This Mortal Coil, Steve Reich, Mono, Chameleons, Sigur Rós, Durutti Column, Godspeed you! Black Emperor, Philip Glass …, e sendo tudo isso, acaba por não ser nada disso.

Com efeito, The Ascent of Everest, um colectivo mutante de Nashville caoticamente organizado em torno de Devin Lamp, consegue neste segundo disco a proeza de simultaneamente soar a novo e a antigo. “From this vantage” compagina a essência do folk, com estruturas clássicas, barrocas e modernas, e ainda encontra espaço para se exercitar no seio do paradigma pós-rock.



Por cima de tudo isto, emerge ainda uma cinemática tela sonora que acentua a vertigem do belo e evidencia o carácter “bigger than the sky” da música do colectivo.

“Return to us” logo a abrir, remete-nos para territórios imaginários onde a guitarra de Vini Reilly surge envolta nas convulsões cósmicas dos Godspeed. “Dark, dark my light” é por sua vez uma pequena grande pérola de pós-rock barroco, enquanto a fechar o lado A do álbum, o piano introdutório e o desenvolvimento pastoral de “Safely caged in bone” quase nos faz esperar a entrada em cena da voz de Virginia Astley.



“Sword and shield” centrifuga as guitarras dos Chameleons com a propulsão rítmica dos Mono, num cocktail cacofónico cuidadosamente adornado por mantos de cordas tecidos por violas, celos e violinos. “Every fear” e o tema título, repetem a fórmula e remetem-nos para um espaço cuja perfeição é incompatível com o mundo tal como o conhecemos.

Para o Atalho pouco importa o que queiram chamar a “From this vantage”: pós-rock, pós-prog, neo-clássico, “whatever”… Trata-se de excelente música, disponibilizada numa magnífica edição limitada de 300 exemplares em vinil castanho. Um artefacto que deverão adquirir ainda hoje, sob pena de se arrependerem já amanhã.