No maravilhoso munda da música nunca ninguém poderá afirmar que sabe ou conhece tudo o que importa saber e conhecer. É que algures numa cave recôndita, numa garagem abandonada ou dentro de um caixote perdido num sótão, existirão sempre discos, fitas ou maquetas, esquecidas no baú da história e que, uma vez redescobertas, nos deixarão sempre agradados e ao mesmo tempo surpresos.
Ao Atalho voltou a acontecer, desta vez por via da reedição de uma private-press há muito perdida no tempo. Através de uma amável dica do Luis Rodrigues, tive oportunidade de descobrir “Papa never let me sing the Blues…”, datado de 1972 e creditado a John Drendall – B. A. Thrower & Friends.
Drendall, Thrower e os amigos ( Dick Dunham, Tom Caruso, Mike Skory, Nelson Wood ), todos nativos do Michigan, começaram pela garagem como a maioria das bandas da época e, à semelhança de grande parte delas, pela garagem se ficaram. Pena que o resultado do trabalho: “Papa never let me sing the Blues…”, não tenha sido suficiente para fazer a diferença. A história teria sido certamente outra.
Na verdade trata-se de um disco que ostenta uma qualidade muito acima da média, sobretudo se for tido em conta o facto de se tratar de uma prensagem privada, oriunda de um mundo que vamos conhecendo aos poucos, umas vezes com grande agrado outras nem tanto.
Este é claramente um dos casos em que vale a pena investir. Drendall e companhia, conceberam e desenharam magníficos exercícios electro-acústicos em volta do blues, do folk, do psicadélico, do rural-rock e, pasme-se, até do space-rock.
O trabalho das guitarras ( acústicas e eléctricas ) é de altíssimo nível, fazendo por vezes lembrar os melhores momentos do velho Marc Benno. Acessoriamente, tendo ainda em conta a competência das vocalizações e arranjos, mal se percebe a razão deste magnífico álbum ter na origem conhecido uma edição de apenas 500 exemplares e, desde então, tenha permanecido indisponível. Até agora …