13/01/10

Trembling Bells "Carbeth"


A abertura, “I listed all of the velvet lessons”, é absolutamente extraordinária! Como se a Incredible String Band de “The 5000 spirits or the layers of the onion”, os Fairport Convention de “Unhalfbricking” e os Steeleye Span de “Hark! The Village wait”, juntos, tivessem regressado ao futuro, em 2009. Estamos ainda no começo, no entanto este tema já justifica a audição de “Carbeth”.

Os Trembling Bells nasceram em Glasgow pela mão de Alex Neilson. Baterista, animador dos Scatter e Directing Hand, membro quase indispensável das entourages de Richard Youngs, Six Organs of Admittance, Bonnie Prince Billy, Alasdair Roberts ou Current 93, escreveu todos os temas e recrutou Lavinia Blackwell (membro dos colectivos Pendulums e Black Flowers ), aquela que se prepara para vir a ser uma das vozes da folk do Reino Unido. Pena que o guitarrista Ben Reynolds não seja um Richard Thompson …

Entretanto, “Carbeth” vai seguindo o seu caminho. “I took to you (like Christ to wood)” adiciona o experimental à “chamber folk” e o resultado está perto do sublime. “When I was young” não se afasta daquela matriz embora procure terrenos mais tradicionais. A vocalização de Lavinia, apesar de excessivamente pirotécnica ( a maturidade poderá vir a dar uma ajuda ), aponta para os melhores registos de Jacqui McShee com Pentangle.



Por esta altura, o fôlego já vai escasseando e “Carbeth” ainda vai no primeiro terço.

Estão para chegar o “psychedelic noise” de “The end is the beginning born knowing”, as melodias de “Summer’s waning” ou “Willows of Carbeth” (quase que dá para imaginar Sandy Denny e Judy Collins juntas, no mesmo estúdio ) e “Your head is the house of your tongue” uma espécie de retorno à Incredible String Band e a Changing horses”.

“Garlands of Stars” são as quatro estações num só dia; rock experimental, psicadélico, folk-rock e melodias celtas, coabitam e interagem com graciosidade e inteligência. E a terminar, “Seven years a teardrop”, com Lavinia e Neilson “a cappella” num registo muito próximo da matriz que Shirley Collins desenvolveu com talento e mestria, antes de as suas cordas vocais cederem, ao que parece em definitivo.

No passado recente não me recordo de um conjunto de canções que fizessem tanto sentido juntas. Por essa via, “Carbeth” atinge uma dimensão que a história saberá por certo acolher. Deveria ser distribuído em todas as escolas de música.