03/09/09

Wyrdstone "Cuffern"


Para recuperar dos delírios psicadélicos de Al Simones, nada melhor do que regressar à paisagem rural do sudeste de Inglaterra, escutar o canto matinal dos pássaros e sentir (quase cheirar) o fresco do orvalho.

Prudentemente afastado dos números circenses dos Circulus ou das construções pretensiosas de James Blackshaw, Clive Murrell, o artista por trás do “nom de plume” Wyrdstone, encontra-se mais próximo do trabalho de jovens turcos do neo-folk britânico como Rick Tomlinson ( The Voice of the Seven Woods ) ou Steven Collins ( The Owl Service ) com quem de resto, a avaliar pelas formas e paisagens sonoras de “Cuffern”, partilha conceitos artísticos e espirituais.

Oriundo do West Sussex, Murrell escreve e grava algo a que os franceses poderiam chamar de “folk mignon”; pequenas pérolas ornamentadas com discretos detalhes rurais que aguçam os sentidos. Todos, não apenas o auditivo.

Cuffern” são dez temas de características lo-fi; dois tradicionais e os restantes originais onde o guitarrista percorre os espaços rurais do sul de Inglaterra. Destaques óbvios: “M’ Enilla Chyfaill” , “Jevington Jigg” ( há por aí alguém que ainda se recorde de “From gardens where we feel secure” de Virginia Astley? ) e “Lost at Ty Canol”, perfilam-se como candidatos a integrar qualquer futura compilação do folk inglês contemporâneo.

Como nos dias de hoje a autenticidade é uma virtude com um prazo de validade muito curto, sugiro que ouçam Wyrdstone quanto antes, desfrutando dos percursos alternativos que Clive Murrell vai assinalando pelo interior do West Sussex.