Se em “Fell” ( 2005 ), Josh Wambeke como que seguia o trilho de um outro Josh – o Haden dos Spain -, mas num registo vizinho do pós-rock, no recente “Incoherent lullabies” o mesmo Wambeke alarga o discurso ao pop melódico e reafirma o electrónico.
Acresce que no primeiro registo, o colectivo de Denver/Colorado, embora organizado em torno de Wambeke vivia ainda algo refém da herança Phineas Gage ( o duo que aquele integrou com Patrick Porter e que no inicio da década nos deixou um muitíssimo interessante “Reconsidered”), sem que isso transporte qualquer espécie de conotação negativa.
“Incoherent lullabies” sussurra as mesmas vocalizações subterrâneas e propõe a mesma galáxia de guitarras, mas aumenta a deriva em direcção a paisagens electrónicas mais explicitas ( numa audição cega, o tema de abertura “Follow up anxiety” parece indiciar uma peça do “experimental pop” de David Sylvian ).
O edifício sonoro ganhou solidez, é mais orgânico, as caixas de ritmo perderam espaço e a maioria dos temas é servida por verdadeiros bateristas. Independentemente da forma, as canções respiram, serenas mas intensas.
Neste quadro delicado e subtil emergem: “Beacon”, um instrumental onde a guitarra aponta à estratosfera; “Floor song” um fresco de psicadelismo floydiano; “Dust on countertops”, oásis electro-acústico que não deixa espaço à fealdade e, a terminar, “A million miniscule Christmas lights”, provavelmente a “incoherent lullaby” do álbum, onde as guitarras e a percussão, ambas em processo de combustão, regressam ao espaço sideral e dão origem aos milhões de minúsculas luzinhas cósmicas que a foto da capa procura ilustrar.
Não sendo música para todas as horas, este segundo Fell deve no entanto ser guardado para momentos verdadeiramente especiais.