25/08/09

Six Organs of Admittance "Luminous night"


O homem não consegue fazer um mau disco.

De facto, com o decorrer do tempo, o avolumar das edições a solo e colaborações diversas, a questão a observar já não é quando e como surgirá o primeiro passo em falso, antes até onde poderá chegar o talento de Ben Chasny.

Luminous night” é de novo algo de especial. Voluntariamente a meio caminho entre o tradicional e o moderno, evidenciando vincadas incursões nas sonoridades orientais, a ponto de a espaços mergulhar na estética dos nipónicos Ghost ( escute-se por exemplo “Anesthesia” ) a música de Chasny ganha aqui dimensões quase inéditas, projecta novos espaços multiculturais onde as palavras, ainda que meramente instrumentais, atingem papel de relevo.

É tudo isto “Luminous night”, mais uma interessante componente electrónica ( cortesia de Randall Dunn dos Sun City Girls ), transversal a todos os oito temas embora particularmente notada em “Cover your wounds with the sky”, MAIS dois títulos maiores a juntar aos clássicos de Six Organs of Admittance: “Bar-Nasha” e “Ursa Minor”.



O primeiro, uma melodia pautada pelas intervenções da tabla e guitarra acústica, possui uma atmosfera peculiar, colorida pelas divagações orientais da flauta; a segunda uma balada cósmica construída a partir do tricot da seis cordas acústica, ganha lastro nos lençóis de sintetizadores e carga dramática através da inclusão da viola e da vocalização “muito David Eugene Edwards” de Ben.

Em suma, “Luminous night” é mais uma peça relevante no percurso de Ben Chasny. Este, a cada novo disco, mais do que recriar escolas e influências, escreve algo de novo, matéria de estudo para um futuro próximo. Pelo caminho vai aumentando o número de fãs e seguidores. Recordo-me ter sentido algo de parecido com Richard Thompson, há muitos anos…