O Atalho tinha planeado falar-vos deste EP em meados de
Setembro passado, algum tempo após o autor me ter informado que a edição física
em CD vinha a caminho. Sucede porém que
a actual gerência desse estabelecimento, um verdadeiro albergue espanhol,
ainda denominado CTT decidiu que a encomenda deveria atravessar o Canal da
Mancha pelo menos mais duas vezes. Adiante …
Sob o “nom de plume” de Owl Service ou não, Steven Collins persiste
em frequentar as margens do folk-rock tradicional, ocasionalmente adicionando alguns
toques herdados ao psicadelismo
britânico. No caso vertente “Rise Up Rise Up” é composto por seis temas, todos versões
e/ou adaptações de velhas canções tradicionais.
Para quem como o Atalho reverencia os Caravan, nada melhor do
que escutar uma versão “século XXI” de “Asforteri 25”, publicada no fenomenal
segundo álbum da banda de Canterbury. O tratamento do eterno “She Moves Through
The Fair” não obterá certamente consenso, uma vez que surpreendentemente ou
talvez não, deixa o folk a milhas e percorre terrenos próximos do funk-heavy-rock.
“Dives & Lazarus” aqui vocalizado por Diana Collier de
forma brilhante constitui a adaptação contemporânea do tema incluído no
primeiro álbum dos Young Tradition. “Interlude 13”, inspirado no tema “Sandman”
de Anne Briggs é a recuperação adaptada da canção já trabalhada por Collins no EP
de estreia “Wake the Vaulted Echo” em 2006.
“Crazy Man Michael” surge diferente e austero na
interpretação de Laura Hulse. Um passo eivado pela ousadia porque escutá-lo sem a voz de Sandy Denny deixa a pairar a sensação de que a alma da canção partiu. Por fim, “To the Anti-Gallican” é também ele adaptado de uma velha
sea-song já interpretada por Louis Killen numa compilação da Topic Records em
1968.
Sintetizando, “Rise Up Rise Up” não será a mais harmoniosa
das criações de Steven Collins, mas atendendo às vicissitudes por que este CD
passou, é um prazer enorme escutá-lo.
Grato ao seu autor por isso e por tudo o resto.